General proíbe imprensa e fica em silêncio sobre o Riocentro na Comissão da Verdade

Nilton de Albuquerque Cerqueira, que comandou a PM do Rio na época do episódio do Riocentro, só disse achar absurdo investigar fatos ocorridos há 30 anos; ex-sargento também se negou a falar
RIO – O general reformado Nilton de Albuquerque Cerqueira, de 84 anos, reuniu-se por 15 minutos com a Comissão Nacional da Verdade (CNV) na manhã dacoronelriocentro terça-feira, 29, e informou apenas que não tinha “nada a declarar”. A expectativa era que o militar falasse sobre episódio do Riocentro e também sobre a Operação Pajussara. Ele não permitiu que a imprensa acompanhasse seu depoimento.

Os integrantes da CNV fizeram dez perguntas, repassando toda sua participação política durante a ditadura militar e informando fatos que estavam em relatórios assinados pelo próprio oficial. Mesmo assim, Cerqueira se manteve calado.

O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, integrante da comissão, ainda argumentou ser “preciso rever atos históricos para reescrever a história” e que Cerqueira tinha possibilidade de apresentar sua versão.
De acordo com a advogada criminalista Rosa Maria Cardoso da Cunha, também da CNV, o general reformado praticamente só falou em duas ocasiões: na primeira, pediu que a imprensa se retirasse porque, segundo ele, a mídia “distorce os fatos”, e, em outro momento, quando disse achar absurda a investigação de fatos “30 anos depois”.
Cerqueira também disse que, em razão do primeiro depoimento prestado à CNV, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF). Rosa explicou, no entanto, que a ação do MPF é anterior ao depoimento.
A Operação Pajussara foi realizada sob seu comando, quando ainda era major. A ação resultou na morte de Carlos Lamarca, no sertão da Bahia, em 1971. Em 1981, quando ocorreu o atentado do Riocentro, o general comandava a PM no Rio.
“Casa da Morte”. Também com depoimento marcado para esta terça-feira, o ex-sargento paraquedista Jacy Ochsendorf e Souza chegou à sede da CNV às 10h30 acompanhado dos advogados Rodrigo Roca e Carlos Marca. Ele e o irmão Juradyr são acusados de participação em mortes no DOI-Codi do Rio (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) e na “Casa da Morte”, em Petrópolis, na região serrana do Estado. Jurandyr também é esperado para depor.
O ex-sargento também ficou somente 15 minutos diante dos integrantes da comissão. Na saída do acusado, um policial federal que faz a segurança do Arquivo Nacional impediu que a imprensa fizesse imagens do ex-sargento.
Os irmãos são acusados de envolvimento na morte do ex-deputado Rubens Paiva, preso e morto nas dependências do DOI, no prédio do Batalhão de Polícia do Exército da Tijuca (zona norte carioca), segundo o MPF e a CNV. Os irmãos Ochsendorf são apontados pelo MPF como autores dos crimes de fraude processual, associação criminosa armada e ocultação de cadáver.

Fonte-Thaise Constancio – O Estado de S. Paulo

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Juiz militar admite tortura e prisões ilegais na ditadura

O juiz aposentado Nelson Guimarães, que atuava na 2ª Auditoria da Justiça Militar Federal de São Paulo, admitiu em depoimento à CNV que havia tortura sistemática e prisões ilegais em dependências militares e policiais durante a juiztorturaditadura.

O juiz admitiu também que ao constatar essas torturas, como observou nos casos da morte do sindicalista Olavo Hansen, do líder estudantil Paulo Vannuchi e de Frei Tito, as autoridades à época não instauraram inquéritos para apurar esses casos, embora a Justiça Militar tivesse solicitado formalmente essa providência, segundo afirmou.

Para o coordenador da CNV, Pedro Dallari, a informação é relevante, pois as Forças Armadas, em junho deste ano, em resposta às sindicâncias solicitadas pela Comissão Nacional da Verdade em fevereiro, negaram a existência de tortura em suas dependências.

Veja as respostas das Forças Armadas

Sobre as prisões efetuadas pelos agentes da repressão no curso de investigações, disse que, “no contexto da luta armada, a prisão era um verdadeiro sequestro. Não se comunicava a Justiça como a lei exigia”, afirmou Guimarães.

O juiz admitiu ainda que presos eram levados dos presídios regulares em que cumpriam pena para dependências militares, como o Doi-Codi, e delegacias, sem a necessária autorização da Justiça.

Durante o depoimento de Guimarães a CNV exibiu os depoimentos pré-gravados do ex-preso politico Arthur Scavone e da advogada Eny Moreira, integrante da Comissão da Verdade do Rio. Scavone afirmou ter visto o juiz no Doi-Codi de São Paulo uma vez, já Eny afirma que o juiz autorizou a remoção de Paulo Vannuchi do presídio onde fazia greve de fome para o Doi-Codi, onde ele foi torturado.

O juiz negou que tenha ido ao Doi-Codi, mas afirmou ter ido, por motivos profissionais, ao DOPS, a Delegacia de Ordem Política e Social, braço da Polícia Civil na repressão política. Quanto à Vannuchi, o juiz afirmou ter enviado ofício pedindo providências. O depoimento de Guimarães foi conduzido pelos membros da CNV José Carlos Dias e Rosa Cardoso, ambos advogados que atuaram perante a 2ª Auditoria da Justiça Militar Federal de São Paulo na defesa de presos políticos.

RIOCENTRO – O coronel reformado do Exército Wilson Machado, denunciado à Justiça pelo atentado do Riocentro, negou-se a prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade. Orientado por advogados, ele disse que não iria responder às perguntas da Comissão. Segundo Machado, ele não tem “mais nada a declarar” pois já teria prestado cinco depoimentos, três à Justiça Militar e dois ao Ministério Público.

A Comissão Nacional da Verdade entregou ao coronel o rol de 13 perguntas que pretendia fazer a ele, entre as quais uma que o indagava sobre o testemunho de Mauro César Pimentel à CNV, testemunha ocular da explosão. Pimentel viu no porta-malas do carro mais dois cilindros idênticos ao que estava no colo de Guilherme Pereira do Rosário, que explodiu, matando-o.

Fonte- Comissão Nacional da Verdade

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Comissão da Verdade fará audiência pública em Maringá

A Comissão Estadual da Verdade (CEV-PR) fará uma audiência pública na cidade de Maringá, no dia 5 de agosto. As Comissões Estaduais são braços auxiliares da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que tem por finalidade examinar REPRESSAO MILITAR CONTRA ESTUDANTES. 25/07/1968 FOTO: MILTON/AEe esclarecer as graves violações dos direitos humanos no período de 1946 a 1984, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica.

Os trabalhos das Comissões Estaduais, bem como da Comissão Nacional, tem centrado foco em identificar os agentes públicos do Estado brasileiro que cometeram crimes de assassinatos, torturas e outras violações contra os direitos humanos.

A audiência pública, que será realizada em Maringá, terá 3 focos: serão colhidos depoimentos de militantes políticos, sindicais e estudantis que viviam na região Norte do Paraná e que tiveram os seus direitos políticos e civis cassados e/ou foram presos e torturados durante a Ditadura Militar; depoimentos de lideranças indígenas dos povos Kaigang e Xetá, que sofreram graves violações dos seus direitos, durante a Ditadura Militar; e, por fim, em Sessão Solene e Simbólica, na Câmara dos Vereadores, será restituído o mandato de Bonifácio Martins, que exerceu o mandato de vereador em Maringá por duas legislaturas (1956-1960 e 1960-1964).

Com o golpe militar de 1 de abril de 1964 e a instauração do Primeiro Ato Institucional, em 9 de abril de 1964, Martins foi indiciado no Inquérito Policial Militar (IPM) conhecido como “Zona Norte do Paraná”, em que dezenas de militantes de esquerda, sindicalistas e estudantes foram presos e processados.

Homenagem – Frente ao quadro de insegurança então existente no país e sabendo que seu nome era visado, Bonifácio Martins evadiu-se de Maringá em abril de 1964, acompanhado de sua esposa e duas filhas, uma das quais era criança de colo. Deixou para trás sua empresa de prestação de serviços, uma residência que havia construído, localizada no antigo aeroporto, e uma vida de lutas políticas e cidadãs. 50 anos depois, por iniciativa da Câmara de Vereadores e do Pesquisador e professor de História da UEM, Reginaldo Dias, com o aval e participação da Comissão Estadual da Verdade, haverá a restituição simbólica do mandato do Vereador. Na ocasião, estarão presentes as duas filhas do Vereador, que receberá a homenagem póstuma pelo pai.

A audiência será realizada no Auditório Hélio Moreira, das 9 às 16 horas, e às 18 horas, na Câmara de Vereadores de Maringá.

O evento tem apoio das seguintes entidades: OAB/Maringá, SISMMAR, APP Sindicato, Sinteemar, Steem, Sindaen, Stessmar, DCE/UEM, Cahnac (história/UEM) e Cahrf (Direito/UEM).

Fonte- Redação O Bonde

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Foto que mostra Perdigão na cena da morte de Zuzu Angel é entregue à CNV

A foto obtida pelo ex-delegado do Dops do Espírito Santo, Cláudio Guerra, na qual ele aponta o então major Freddie

Segundo Cláudio Guerra, que enviou a foto à CNV, Freddie Perdigão é homem de camisa clara que aparece encostado no poste na cena da morte de Zuzu Angel. A foto foi publicada originalmente pelo jornal O Globo em 15 de abril de 1976, dia seguinte ao acidente. Foto: O Globo.

Segundo Cláudio Guerra, que enviou a foto à CNV, Freddie Perdigão é homem de camisa clara que aparece encostado no poste na cena da morte de Zuzu Angel. A foto foi publicada originalmente pelo jornal O Globo em 15 de abril de 1976, dia seguinte ao acidente. Foto: O Globo.

Perdigão Pereira na cena da morte da estilista Zuzu Angel, em abril de 1976, foi enviada hoje à CNV por Guerra, que prestou depoimento e esclarecimentos à CNV esta semana.

Em seu depoimento à CNV, Guerra, que afirma ter sido amigo e confidente de Perdigão, contou que o major, que integrava uma equipe de elite da estrutura da repressão, vinculada ao Serviço Nacional de Informações, lhe disse que estava preocupado em ter sido fotografado na cena do crime. No depoimento de terça, Guerra mostrou um close da imagem no rosto do oficial do Exército. Hoje, enviou à CNV a foto completa.

Em entrevista concedida no início da tarde de hoje, o coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirmou que a imagem permite avançar na confirmação de que a mãe do desaparecido Stuart Angel foi vítima de um atentado tramado pela repressão política, ao contrário da versão oficial da época, que afirmava que a morte de Zuzu foi um acidente.

“Apesar de o governo brasileiro, por meio da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, já ter reconhecido isso (que a morte não foi um acidente), os militares sempre negaram envolvimento”, afirmou Dallari.

EM TEMPO – Na tarde de hoje o jornal O Globo identificou a origem da foto entregue à CNV por Cláudio Guerra. A imagem foi publicada pelo jornal no dia seguinte ao acidente com a estilista, em 15 de abril de 1976. Nem a reportagem do jornal, nem a legenda da foto, identificam a presença do major Perdigão na cena do crime, o que só ocorreu agora, por ocasião do depoimento do delegado. Após a identificação da origem da imagem, os créditos da mesma no site e no Facebook da CNV foram corrigidos.

DEPOIMENTO – O coronel da Aeronáutica Antônio Augusto Mendes de Matos, que segundo depoimento do advogado José Bezerra da Silva à CNV, comandava a prisão da Base Aérea do Galeão, onde Stuart Angel ficou preso, prestou depoimento hoje de manhã ao coordenador da CNV, Pedro Dallari e assessores da Comissão.

Campos negou a existência de prisões de civis e torturas na Base Aérea e negou qualquer vinculação ao caso de Stuart. “Ele prestou algumas informações sobre a estrutura e funcionamento da base, mas nada sobre a tortura e morte na Base do Galeão”, afirmou Dallari.

O mutirão de depoimentos da CNV continuará no Rio de Janeiro a partir de segunda-feira (28 de julho) e prosseguirá até sexta-feira, dia 1º de agosto. Mais informações sobre os depoimentos no Rio serão publicadas ainda hoje na página da CNV.

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

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EBC: Agentes da repressão podem ser obrigados a prestar depoimento

http://bit.ly/V4wvdk

Até agora, os envolvidos nas denúncias de violação eram apenas convidados a depor.  Em reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ontem (21), em Brasília, ficou definido que a Comissão Nacional da Verdade (CNV) poderá entrar com um mandado de condução coercitiva junto à Polícia Federal para ouvir o depoimento agentes da repressão, caso os convocados não compareçam.

 

Fonte: EBC – Portal.

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CNV ouve quatro agentes da repressão em Brasília

Começou na segunda-feira,21, em Brasília, o mutirão da Comissão Nacional da Verdade para a tomada de

Gerci Firmino de Souza (centro) é ouvido pelos membros da CNV José Carlos Dias (esq.) e Pedro Dallari e pelo secretário-executivo da CNV, André Saboia Foto: Davi Mello / ASCOM - CNV

Gerci Firmino de Souza (centro) é ouvido pelos membros da CNV José Carlos Dias (esq.) e Pedro Dallari e pelo secretário-executivo da CNV, André Saboia Foto: Davi Mello / ASCOM – CNV

depoimentos de 41 agentes da repressão. Até sexta-feira (25/07) estão convocados 16 agentes para depor na sede da CNV, na capital federal. De 28 de julho a 1º de agosto, estão previstos mais 25 depoimentos no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.

Dos cinco agentes convocados para hoje, quatro compareceram: Eudantes Rodrigues de Faria, Gerci Firmino da Silva, Jamiro Francisco de Paula e Deoclécio Paulo. Apenas Bolívar Mazon se ausentou. Ele encaminhou à CNV um atestado médico.

Faria, Silva e De Paula, ex-integrantes do Exército, atuaram na Operação Sucuri, uma ação de inteligência e infiltração realizada pela força em 1973 na região do Araguaia, antes das operações militares que dizimaram os participantes da guerrilha.

Em seus depoimentos, todos negaram a participação em combates com integrantes da guerrilha, e em prisões, tortura e mortes, afirmando que atuaram somente em ações de levantamento de informações, infiltrados como posseiros ou agentes de combate à malária.
Um dos depoentes, entretanto, admitiu que a Casa Azul, em Marabá, era local de prisão e interrogatórios. Os três, após servirem no Araguaia, atuaram no Serviço Nacional de Informações (SNI).

Deoclécio Paulo, militar do Exército, foi adido militar na Embaixada do Brasil, em Santiago. Depoimentos e documentos indicam que ele esteve no Estádio Nacional do Chile, onde foram presos, torturados e mortas pessoas presas logo após o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. No estádio também foram presos brasileiros, inclusive Vânio José de Matos, que morreu em consequências das torturas que sofreu. Paulo negou ter estado no Estádio.

Amanhã à tarde (22/07), os depoimentos continuarão na CNV. Um dos depoentes convocados, o general reformado José Antonio Nogueira Belham, que comandou o Doi-Codi do Rio de Janeiro, informou à CNV que está na capital fluminense e sua convocação foi, então, redesignada para a semana que vem, no Rio.

CONDUÇÃO COERCITIVA – Após o término dos depoimentos, os membros da CNV que colheram os depoimentos, o coordenador, Pedro Dallari, José Carlos Dias, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Cardoso, tiveram uma reunião de trabalho com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para tratar da questão da condução coercitiva dos agentes públicos que faltaram reiteradamente ou sem justificativa às convocações da CNV.

Segundo Dallari, o ministro da Justiça afirmou que entende que a condução coercitiva de agentes convocados que faltam a depoimentos está em sintonia com a lei que criou a Comissão Nacional da Verdade e que aguardará os pedidos da CNV para acionar a Polícia Federal quando necessário.

Segundo Dallari, a CNV terminará essas suas semanas de coleta intensiva de depoimentos e fará um balanço dos casos, relatando ao Ministério da Justiça os casos em que será necessária a condução coercitiva.

AGENDA – Amanhã (22/07), às 9h, Dallari e os demais membros da Comissão terão uma reunião para tratar do relatório final da Comissão. Em seguida, às 11h, os membros seguirão para uma reunião com a embaixadora dos EUA, Liliana Ayalde.

Na reunião com a embaixadora, a CNV agradecerá pelo conjunto de 43 documentos sobre a conjuntura brasileira, produzidos entre 1967 e 1977 pelo Departamento de Estado norte-americano, que foram entregues pelo vice-presidente Joe Biden em junho à presidenta Dilma Roussef .

Desse conjunto documental, 18 foram desclassificados em maio deste ano pela National Security Archives, instituição que administra o acervo de documentos americanos. Na reunião, a CNV pedirá a continuidade da cooperação entre os EUA e a CNV.

Fonte- Comissão Nacional da Verdade

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CNV convoca 16 agentes da repressão para depor em Brasília

Os membros da CNV José Carlos Dias e Pedro Dallari colhem depoimento de agente da repressão em dezembro passado. Foto: Thiago Vilela / ASCOM - CNV

Os membros da CNV José Carlos Dias e Pedro Dallari colhem depoimento de agente da repressão em dezembro passado. Foto: Thiago Vilela / ASCOM – CNV

 

A Comissão Nacional da Verdade fará um mutirão para ouvir agentes envolvidos em graves violações de direitos humanos, como o extermínio da Guerrilha do Araguaia e a morte e desaparecimento de Rubens Paiva

A Comissão Nacional da Verdade convocou 16 agentes da repressão envolvidos com diversos episódios de graves violações de direitos humanos ocorridas no Brasil e no exterior entre 1964 e 1985 para prestarem depoimento na sede da Comissão, em Brasília, entre os dias 21 e 25 de julho.

“Os convocados estão citados em documentos relacionados a graves violações e a CNV deseja dar a eles a oportunidade de darem suas versões sobre os fatos antes da finalização do relatório da Comissão que será divulgado em dezembro deste ano”, afirmou o coordenador da CNV, Pedro Dallari, a respeito do conjunto de depoimentos que será realizado pela CNV.

Um dos 16 convocados é o general reformado José Antônio Nogueira Belham, que comandava o Destacamento de Operações e Informações (DOI), do I Exército, em janeiro de 1971, quando o deputado federal Rubens Paiva foi morto por integrantes do DOI.

Também foi chamado para depor o ex-sargento do Exército Jurandyr Ochsendorf e Souza, que participou da farsa montada pelo Exército sobre o resgate de Paiva por guerrilheiros. Além do Doi, Ochsendorf também teria atuado na Casa da Morte de Petrópolis, segundo depoimentos de ex-agentes da repressão.
Outro convocado é o ex-médico militar e general reformado Ricardo Agnese Fayad, ex-subsecretário de Saúde do Exército, que atuou no Doi-Codi do Rio e na Casa da Morte de Petrópolis.

Dos 16 convocados para os depoimentos em Brasília, Ochsendorf e Fayad não atenderam a convocações prévias da CNV. Numa das negativas, o ex-sargento internou-se no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, na véspera da data estipulada para a audiência. Fayad simplesmente alegou para o agente da PF que o intimou que tinha uma consulta médica. Jamais apresentou uma justificativa formal.

Belham compareceu espontaneamente à CNV no início de 2013, entretanto ao ser convidado pela Câmara dos Deputados para prestar novos esclarecimentos sobre o caso Rubens Paiva, após a divulgação do relatório preliminar de pesquisa da CNV, em fevereiro deste ano, o general não compareceu.

Dos 16 convocados, 11 receberam a Medalha do Pacificador com Palma, uma das principais honrarias do Exército Brasileiro, mas que ficou marcada por ter sido concedida a inúmeros militares sob os quais recaem acusações de graves violações de direitos humanos durante a ditadura.

ARAGUAIA – Dos 16 convocados, sete atuaram nas campanhas realizadas pelas Forças Armadas entre 1972 e 1974 que identificaram ou dizimaram a grande maioria dos integrantes da Guerrilha do Araguaia.
O objetivo da CNV com estes depoimentos dos militares que atuaram no Araguaia é o de colher subsídios sobre as graves violações de direitos humanos cometidas no episódio, visando a audiência pública que a CNV realizará sobre o Araguaia, no dia 12 de agosto, em Brasília.

O comandante das ações militares que resultaram na morte da maioria dos integrantes da guerrilha, Sebastião Curió, não foi convocado para este bloco de depoimentos, pois será ouvido no contexto da audiência pública marcada para agosto.

Além dos episódios citados, os ex-agentes convocados também têm esclarecimentos a prestar sobre a prisão, tortura e morte de brasileiros no Estádio Nacional, no Chile, e outros episódios de conexão repressiva envolvendo colaboração com agentes da Argentina e do Paraguai, e com operações contra integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), desencadeadas em São Paulo, que resultaram nas mortes de Iuri e Alex Xavier Pereira.

Os depoimentos dos agentes da repressão convocados pela CNV serão tomados pelo coordenador da CNV, Pedro Dallari, e os membros da comissão José Carlos Dias, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Cardoso. A série de convocações e depoimentos continuará no Rio de Janeiro, entre os dias 28 de julho e 1º de agosto.

 

Fonte:

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira
(61) 3313-7324 | comunicacao@cnv.presidencia.gov.br

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Começa julgamento do caso de 67 trabalhadores sequestrados pela ditadura argentina.

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Para não deixar passar, essa semana começou na Argentina (em San Martín) o julgamento dos responsáveis pelo caso de 67 trabalhadores sequestrados pela ditadura argentina em 1976. Não bastasse isso, é possível que ainda nesse caso se inclua no banco dos réus três diretores da empresa Ford, acusados de entregar 24 trabalhadores para a repressão – seria a primeira vez que empresários civis são responsabilizados por delitos contra trabalhadores durante o período.

Saiba mais em: Página12

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40 anos de martírio de Frei Tito

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Programação  

8 de agosto de 2014, sexta-feira
Celebração pela Vida e Ressurreição de Frei Tito de Alencar Lima

19h00 – com Dom Angélico Sândalo Bernardino, Frei Betto, Frei João Xerri, familiares e amigos de Frei Tito.

Local: Igreja de São Domingos
Rua Caiubi, 164, Perdizes, São Paulo, SP
Clique aqui para ver no mapa

9 de agosto de 2014, sábado
Frei Tito e a Revolução Brasileira – Reflexões a partir dos escritos de Tito sobre Resistência à Ditadura, Educação Popular e Socialismo

Local: Auditório Frei Tito de Alencar Lima do Colégio Rainha da Paz
Rua D. Elisa de Moraes Mendes, 39, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP
Clique aqui para ver no mapa

9h30 – Abertura: recordar Frei Tito hoje

Alfredo Bosi, professor titular de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003

10h00 – Sentido histórico da Ditadura Civil-Militar no Brasil e o papel da Igreja na Resistência Armada

João Pedro Stédile, economista, membro da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina

José Oscar Beozzo, padre e teólogo, com mestrado em Sociologia da Religião, pela Université Catholique de Louvain (Bélgica) e doutorado em História Social, pela USP, é coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEP). Faz parte do Centro de Estudos de História da Igreja na América Latina (CEHILA-Brasil), filiado à Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina e no Caribe (CEHILA). É sócio fundador da Agência de Informação Frei Tito para a América Latina (ADITAL) e autor de inúmeros livros, entre os quais “A Igreja do Brasil” (1993)

12h00 – Almoço

13h00 – Educação Popular como Caminho para a Libertação

Mariana Pasqual Marques, Mestre em Sociologia da Educação pela PUC/SP. Atuou como educadora e coordenadora no Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Campo Limpo (CDHEP), na Rede de Educação Cidadã e como gestora pública no cargo de Secretaria Adjunta do educador Pedro Pontual na Secretaria de Participação Cidadã do município de Embu das Artes

Ivo Lesbaupin, professor da UFRJ, é mestre em Sociologia pelo IUPERJ e doutor em Sociologia pela Université de Toulouse-Le-Mirail (França). É coordenador da ONG Iser Assessoria, do Rio de Janeiro, e membro da direção da Abong. É autor e organizador de diversos livros, entre os quais “Uma análise do Governo Lula (2003-2010): de como servir aos ricos sem deixar de atender aos pobres” (2010)

15h00 – Socialismo e Lutas Contemporâneas

Levante Popular da Juventude, organização de jovens militantes voltada para a luta de massas em busca da transformação da sociedade

Frei Betto, frade dominicano e escritor, autor de mais de 50 livros editados no Brasil e no exterior, estudou Jornalismo, Antropologia, Filosofia e Teologia. Com seu livro de memórias Batismo de Sangue (Rocco), recebeu o Prêmio Jabuti em 1982. Também foi condecorado com o Prêmio de Direitos Humanos da Fundação Bruno Kreisky (1987), em Viena, e com a Medalha Chico Mendes de Resistência (1988), concedida pelo Grupo Tortura Nunca Mais por sua luta em prol dos direitos humanos.

17h00 – Mística de encerramento

 

Inscrição e detalhes clique aqui.

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Pará cria a Comissão Estadual da Verdade e Memória

Pará cria a Comissão Estadual da Verdade e Memória

A Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) sancionou a Lei Estadual que cria a Comissão Estadual da Verdade e Memória que tem como objetivo apurar e esclarecer as violações contra os direitos humanos ocorridas no estado do Pará durante a vigência do regime militar.
A Comissão paraense vai investigar casos de tortura, morte, desaparecimento forçado, ocultação de cadáveres envolvendo paraenses ou residentes no Estado à época da ditadura. As instituições envolvidas terão dois anos para a conclusão dos trabalhos, que poderão ser prorrogados até a extinção da Comissão Nacional da Verdade. No final devem apresentar um relatório com as conclusões sobre os desaparecidos políticos.

 

Lei estadual comissão da verdade 7802-2014

 

Portaria nomeação comissao da verdade

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