CNV ouve quatro agentes da repressão em Brasília

Começou na segunda-feira,21, em Brasília, o mutirão da Comissão Nacional da Verdade para a tomada de

Gerci Firmino de Souza (centro) é ouvido pelos membros da CNV José Carlos Dias (esq.) e Pedro Dallari e pelo secretário-executivo da CNV, André Saboia Foto: Davi Mello / ASCOM - CNV

Gerci Firmino de Souza (centro) é ouvido pelos membros da CNV José Carlos Dias (esq.) e Pedro Dallari e pelo secretário-executivo da CNV, André Saboia Foto: Davi Mello / ASCOM – CNV

depoimentos de 41 agentes da repressão. Até sexta-feira (25/07) estão convocados 16 agentes para depor na sede da CNV, na capital federal. De 28 de julho a 1º de agosto, estão previstos mais 25 depoimentos no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.

Dos cinco agentes convocados para hoje, quatro compareceram: Eudantes Rodrigues de Faria, Gerci Firmino da Silva, Jamiro Francisco de Paula e Deoclécio Paulo. Apenas Bolívar Mazon se ausentou. Ele encaminhou à CNV um atestado médico.

Faria, Silva e De Paula, ex-integrantes do Exército, atuaram na Operação Sucuri, uma ação de inteligência e infiltração realizada pela força em 1973 na região do Araguaia, antes das operações militares que dizimaram os participantes da guerrilha.

Em seus depoimentos, todos negaram a participação em combates com integrantes da guerrilha, e em prisões, tortura e mortes, afirmando que atuaram somente em ações de levantamento de informações, infiltrados como posseiros ou agentes de combate à malária.
Um dos depoentes, entretanto, admitiu que a Casa Azul, em Marabá, era local de prisão e interrogatórios. Os três, após servirem no Araguaia, atuaram no Serviço Nacional de Informações (SNI).

Deoclécio Paulo, militar do Exército, foi adido militar na Embaixada do Brasil, em Santiago. Depoimentos e documentos indicam que ele esteve no Estádio Nacional do Chile, onde foram presos, torturados e mortas pessoas presas logo após o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. No estádio também foram presos brasileiros, inclusive Vânio José de Matos, que morreu em consequências das torturas que sofreu. Paulo negou ter estado no Estádio.

Amanhã à tarde (22/07), os depoimentos continuarão na CNV. Um dos depoentes convocados, o general reformado José Antonio Nogueira Belham, que comandou o Doi-Codi do Rio de Janeiro, informou à CNV que está na capital fluminense e sua convocação foi, então, redesignada para a semana que vem, no Rio.

CONDUÇÃO COERCITIVA – Após o término dos depoimentos, os membros da CNV que colheram os depoimentos, o coordenador, Pedro Dallari, José Carlos Dias, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Cardoso, tiveram uma reunião de trabalho com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para tratar da questão da condução coercitiva dos agentes públicos que faltaram reiteradamente ou sem justificativa às convocações da CNV.

Segundo Dallari, o ministro da Justiça afirmou que entende que a condução coercitiva de agentes convocados que faltam a depoimentos está em sintonia com a lei que criou a Comissão Nacional da Verdade e que aguardará os pedidos da CNV para acionar a Polícia Federal quando necessário.

Segundo Dallari, a CNV terminará essas suas semanas de coleta intensiva de depoimentos e fará um balanço dos casos, relatando ao Ministério da Justiça os casos em que será necessária a condução coercitiva.

AGENDA – Amanhã (22/07), às 9h, Dallari e os demais membros da Comissão terão uma reunião para tratar do relatório final da Comissão. Em seguida, às 11h, os membros seguirão para uma reunião com a embaixadora dos EUA, Liliana Ayalde.

Na reunião com a embaixadora, a CNV agradecerá pelo conjunto de 43 documentos sobre a conjuntura brasileira, produzidos entre 1967 e 1977 pelo Departamento de Estado norte-americano, que foram entregues pelo vice-presidente Joe Biden em junho à presidenta Dilma Roussef .

Desse conjunto documental, 18 foram desclassificados em maio deste ano pela National Security Archives, instituição que administra o acervo de documentos americanos. Na reunião, a CNV pedirá a continuidade da cooperação entre os EUA e a CNV.

Fonte- Comissão Nacional da Verdade

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