A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, defendeu nesta sexta-feira que seja apurado o eventual envolvimento do atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, na morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado quando estava preso, em 1975.
A família de Herzog lançou na internet um abaixo-assinado pedindo a saída do dirigente por entender que ele teria contribuído com a prisão e morte do jornalista quando defendeu, na condição de deputado da Assembleia Legislativa de São Paulo, a repressão à presença de comunistas na TV Cultura. Poucos dias depois Herzog foi preso e morto. Marin admite ter feito o discurso, mas nega a relação deste fato com a morte do jornalista.
— Eu penso que todas as pessoas que comprovadamente estiveram envolvidas em situação de morte, tortura e desaparecimentos forçados não devem ocupar funções públicas no país. Porque o que cometeram – e se o cometeram comprovadamente estes atos – eles traíram qualquer princípio ético de dignidade humana e não devem ocupar funções de representação — disse a ministra.
Nesta sexta-feira, Maria do Rosário participou, ao lado do coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, da cerimônia de entrega do novo atestado de óbito de Herzog, ocorrida no campus da USP, em São Paulo. No novo documento, consta como causa da morte “lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do 2º Exército (Doi-Dodi), substituindo formalmente a versão de “asfixia mecânica por enforcamento”, divulgada pela ditadura em 1975 e considerada falsa.
Na tarde de quinta-feira, o deputado federal Romário (PSB-RJ) propôs que Marin explique seu envolvimento com o governo militar por meio de uma audiência pública no Congresso.
— As suspeitas sobre o presidente da CBF são graves e constrangedoras. Nós, atletas e ex-atletas, ficamos muito desconfortáveis com esse tipo de situação, principalmente num momento em que o Brasil se expõe ao mundo, ao se preparar para receber megaeventos esportivos. Será que merecemos ter à frente do nosso esporte mais querido, mais popular, uma pessoa suspeita de envolvimento, ainda que indireto, com tortura, assassinato e a supressão da democracia?”, discursou o deputado.
Nesta semana, a CBF divulgou em seu site nota que contesta as acusações contra o dirigente da entidade. No início do mês, durante a coletiva de imprensa do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, Marin se irritou com pergunta feita ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, sobre o prejuízo das suspeitas para a organização da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.
— Existe um ligeiro aparte a um discurso feito na Assembleia de São Paulo quando eu era deputado. Um aparte em 1975 e que foge totalmente ao assunto citado pelo jornalista. Nenhuma relação com o nome citado (Vladimir Herzog) e com o assunto citado. Isso faz parte de uma calúnia, infâmia e de uma mentira – disse o dirigente, durante a entrevista.
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Fonte – O Globo
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