O Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça se reuniu no sábado,14, para debater a criação da Comissão da Verdade em âmbito estadual e a possibilidade do Fórum Nacional se reunir uma vez no Paraná. O Fórum também traçou como objetivo fazer a discussão sobre a ditadura em mais 9 cidades do estado até o fim do ano. Os professores e ativistas políticos debateram a necessidade de se lembrar dos combatentes contra a ditadura através de símbolos públicos (nomeação de ruas e praças), da necessidade de se abrir todos os documentos referentes aos períodos e de como as estratégias de violência utilizada durante aquele período se repetem atualmente no Brasil.
O professor Leandro Gordorski, do Núcleo de Práticas Jurídicas da UFPR, contestou a vontade de setores conservadores da sociedade e que apoiaram o golpe militar de 1964 de tentar restringir o acesso as informações sobre os torturadores e quem os patrocinou: “É necessário a realização de um verdadeiro processo arqueológico em cima desses documentos e dados. Esse resgate completo da memória serve, entre outros para prevenir a violação de direitos humanos nos tempos atuais”, compara Gordorski. Uma dessas estratégias, de acordo com o Fórum, seria a substituição do nome de ruas, praças e memoriais dos ditadores ou quem apoio o regime por cidadãos que lutaram pela democracia.
Já para Luis Rosa, assessor da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, a participação neste Fórum é importante para identificar e combater práticas de desrespeito aos direitos humanos. “A gente se integra nesta força e no esforço de trazer nacionalmente o resgate do que ocorreu na ditadura cívica militar para que isso não se repita. Vejo que existem forças conservadoras que impedem vir à tona o problema, refletindo hoje nas cadeias e regiões mais periféricas”, analisa Rosa.
Até o final do ano se estuda a realização do Fórum em mais nove cidades do Paraná. Além disso , o deputado estadual Tadeu Veneri, que recentemente esteve em Brasília discutindo a Operação Condor (veja abaixo), deve convidar a deputada federal Luiza Erundina, que presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, para discutir a criação da Comissão no Paraná: “Nós pedimos para a Erundina realizar um seminário sobre a Operação Condor no Paraná. Nosso intuito é mostrar que algumas práticas se repetem”, declara Veneri, que tem acompanhado a situação de desrespeito aos direitos humanos pela Alepr.
Memória Viva:
A reunião do Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça contou com a presença de Honório Gregório Rubio, famoso espanhol, “que teria, segundo as lendas participado das lutas antifranquistas na Espanha”, conta Julio Cesar Soares.
No encontro. O senhor, com seus 80 anos, denunciou a ditadura do capitalismo: “Eu não entendo a democracia. Enquanto os políticos necessitam de dinheiro para se eleger, o povo continua pobre. O que temos é a ditadura do capitalismo que não acaba”, expõe Honório.
Operação Condor
A Operação Condor (também conhecida como Carcará, no Brasil) foi uma aliança político-militar entre os vários regimes militares da América do Sul — Brasil, Argentina, Chile, Bolívia,Paraguai e Uruguai — criada com o objetivo de coordenar a repressão a opositores dessas ditaduras e eliminar líderes de esquerda instalados nos seis países do Cone Sul.
Montada no início dos anos 1960, durou até a onda de redemocratização, na década seguinte. A operação, liderada por militares da América Latina, foi batizada com o nome do condor, abutre típico dos Andes que se alimenta de carniça, como os urubus. Estima-se que a Operação Condor resultou em mais de 400 mil torturados e 100 mil assassinatos.
Fonte- Sismuc/ Manoel Ramires
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