Comissão ouve depoimentos sobre crimes da ditadura no Oeste do PR

A primeira audiência pública da Comissão Estadual da Verdade (CEV), criada no ano passado pelo governador Beto Richa, começou na quinta-feira (27), na Câmara de Foz do Iguaçu. A previsão é que os trabalhos sejam encerrados nesta sextComissão Estadual da Verdade realiza audiência pública em Foz doa-feira (28), antes do meio-dia. Nove pessoas deram seus depoimentos, ao auditório lotado, sobre crimes da ditadura militar na Região Oeste do Paraná.

O presidente da CEV, Pedro Bodê, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explicou que na região de Foz ocorreram graves casos, como o do massacre de Medianeira, onde foram assassinados seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, em 1974, na Estrada do Colono. A chacina e outras violações de direitos humanos foram registradas na Operação Condor, montada para reprimir os que se opunham às ditaduras da Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil e Chile.

Bodê destacou que o trabalho da Comissão resgata a história e leva ao conhecimento dos jovens o conhecimento dos erros do passado. Relatos contundentes, com momentos de emoção, sobre torturas e torturadores foram dados por Aluízio Palmar, Adão Luiz Almeida, Ana Beatriz Fortes, Rodolfo Mongelos Leguizamon, Lilian Ruggia, Luiz Alberto Fávero, Isabel Fávero, Gilberto Giovannetti e Jair Kischeke.

O jornalista Aluizio Palmar foi responsável pelo início da investigação sobre o massacre do Parque Nacional do Iguaçu ou de Medianeira e autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos”. Palmar foi militante do movimento estudantil, ajudou a fundar o Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) de Niterói e foi preso em Cascavel/PR em 69.

Ele sofreu torturas e foi deportado para o Chile, junto com outros 69 companheiros, em troca da liberação do embaixador da Suíça no Brasil, em 1971. A luta continuou no exílio e, quando voltou ao Brasil, viveu como clandestino até a Lei de Anistia, em 1979.

Nesta sexta-feira, será elaborado um relatório final para ser encaminhado à Comissão Nacional da Verdade, para que os casos sejam devidamente apurados. Com as apurações concluídas a CNV enviará um documento final para a Presidência da República.

A organização da audiência foi da CEV em conjunto com o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP), Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça e do Fórum de Direitos Humanos e Memória Popular, em parceria e com apoio da Comissão Nacional da Verdade, Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná.

Fonte- Agência Estadual de Notícias

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/28/comissao-ouve-depoimentos-sobre-crimes-da-ditadura-no-oeste-do-pr/

Ativista, Teresa Urban soube dar sentido à vida

“O segredo da existência humana reside não só em viver, mas em saber para que se vive”, disse Dostoievski certa vez. Como no axioma do escritor que a influenciou na juventude, a jornalista e ambientalista Teresa Urban soube desde cedo dar sentido à vida. Entregou-se a uma causa num momento crucial para o Brasil. Esteve na linha deteresajovem frente no combate à ditadura militar, uma militância que resultou em prisão, tortura e exílio. Sobrevivente da ditadura, Teresa morreu quarta-feira, vítima de enfarte, aos 67 anos. O corpo foi cremado ontem em Campina Grande do Sul, na região de Curitiba.

Os passos de Teresa Urban contra uma vida de ilusões e impressões insubstanciais começaram cedo. A mãe, Janina, filha de poloneses, era mulher independente e um tanto avessa ao comunismo. O pai, Estanislau, um polonês muito tolerante, brindou os filhos com o hábito da leitura. A paixão com que a mãe se entregava às causas cristãs e à amplitude do mundo apresentada pelo pai por meio da leitura forjaram a personalidade de Teresa e de seus três irmãos. Todos, em alguma medida, viram-se engajados em alguma causa.

Ao sair da cadeia, em 1973, condenada à revelia a dois anos de prisão pelo regime militar, Teresa Urban notava que as pessoas atravessavam a rua para não encontrá-la. Não conseguia emprego como jornalista, nem registro profissional. Recorreu à Justiça. “Mas riscavam o ‘bons’ e deixavam só ‘antecedentes’”, lembrou numa entrevista. “Entendi que precisava procurar algo que me aproximasse das pessoas. Queria uma causa comum. E imaginei que ter água de boa qualidade para beber e ar para respirar era algo que todos poderiam compartilhar.” Assim nasceu a Teresa Urban ambientalista.

Formada em Jornalismo pela UFPR, foi contratada no fim dos anos 70 pelo jornal semanal A Voz do Paraná, da Arquidiocese de Curitiba. Depois, passou pelos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja.

Pioneira no jornalismo ambiental, mapeou os remanescentes da floresta de araucárias no Paraná e desenvolveu projetos com ONGs como SPVS, SOS Mata Atlântica e Mater Natura. Ajudou a criar a Rede Verde de Informações Ambientais e atuou no Con­­selho Nacional do Meio Am­­biente (Conam).

O primeiro de seus 20 livros, Boias-frias — Vista Parcial, foi lançado em 1984. Sua única obra de ficção, Dez Fitas e um Tornado, um suspense, foi lançado no mês passado.

O presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Marcos Cordiolli, lembra que Teresa vinha contribuindo com a Fundação na definição das políticas de Patrimônio Material e Imaterial.

“Foi uma humanista, que lutou para melhorar o Brasil”, disse, em nota, o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça. “Anos depois, seria precursora da luta ambiental no Brasil, defendendo a preservação do meio ambiente, sem perder o foco nas pessoas mais carentes e desprotegidas pelo Estado. Jamais abandonou a luta política. Percebeu, quando seus netos cresceram, que precisava contar a história dos que lutaram pela democracia no Brasil. Por isso, lançou o livro 1968 Ditadura Abaixo. Dizia que o livro era necessário para contar às gerações mais novas mais sobre este período.”

A menina era um bocado contestadora, apesar da idade. Isso tem alguma consequência quando se estuda em colégio de freiras. Leitora de Dostoievski, teve problemas no Colégio São José porque perguntava demais. Depois, prestes a terminar o Normal, deparou-se na escola com cartazes contendo imagens de Cristo com uma coroa feita de foice e martelo, símbolos do comunismo. Aquilo soava para ela como uma neurose coletiva. “A gente rezava todo dia para o comunismo não vir para o Brasil”, disse, em entrevista à Gazeta do Povo no ano passado.

A coisa ficou séria quando a luta anticomunismo deixou de ser doutrina colegial para virar política de Estado. O golpe militar de 1964 seria decisivo na vida de Teresa Urban. Os militares andavam alucinados à procura de subversivos em toda parte e o nome dela já estava na lista. Custaria caro sua posição política em defesa da democracia.

Durante o curso de Jornalismo na Universidade Federal do Paraná, participou das manifestações estudantis. Acabou presa pela primeira vez em 3 de outubro de 1966, dia da eleição para o colégio eleitoral que poria o general Costa da Silva na Presidência do Brasil. A polícia cercou o quarteirão da casa dela, na frente da Praça 29 de Março. Levaram Janina acreditando tratar-se da filha. Corrigido o engano, a prisão durou um dia, mas rendeu uma longa crise familiar.

Impotência

A prisão de junho de 1970 foi mais longa. Um mês. Foi torturada no quartel da Praça Rui Barbosa, que não existe mais, ao ser interrogada pelo delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, conhecido agente da repressão durante a ditadura militar. Anos mais tarde, ela diria em entrevista que a tortura tem um impacto que não é físico, e carrega em si um antagonismo: a impotência absoluta e a prepotência absoluta. Teresa aguentou calada os rigores da tortura, sem delatar ninguém.

Solta, mas perseguida, se exilou no Chile, entre 1970 e 1972, com o marido e o filho de colo, Gunter. Lá nasceu a segunda filha, Lupe. Condenada à revelia pela ditadura militar, no retorno ao Brasil foi presa e enviada à Penitenciária de Piraquara. Fez greve de fome, adoeceu e, um mês depois, a levaram para um convento no bairro Mercês. A transferência se deu graças à intervenção do arcebispo dom Pedro Fedalto. Quando acordou, Teresa se viu num quarto branco, com uma freira vicentina toda de branco ao seu lado. Ficou ali quase dois anos, em prisão especial.

O peso das restrições continuava. O Comando de Caça aos Comunistas (CCC) mantinha as torturas psicológicas com seguidas cartas em tom de ameaça. Quando saiu da cadeia, as organizações de esquerda tinham sido extintas, seus companheiros estavam na cadeia, mortos, desaparecidos ou no exílio. Olhava com desconfiança as estruturas partidárias, mesmo a do Partido dos Trabalhadores. Tomou a difícil resolução de não se envolver mais nas causas políticas. “Continuo sendo um ser político que ainda não achou seu lugar”, disse em uma de suas últimas entrevistas.

Fonte- Gazeta do Povo/Mauri König

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/28/ativista-teresa-urban-soube-dar-sentido-a-vida/

Fórum lamenta morte de Teresa Urban

teresalutoNota de Pesar

 O Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça  vem a público manifestar profundo pesar pela morte da jornalista, ambientalista e escritora Teresa Urban.

Teresa acima de tudo foi uma humanista, que lutou para melhorar o Brasil. Na juventude foi militante na Ação Católica e em grupos de resistência à ditadura militar, como a  AP (Ação Popular) e a Polop (Política Operária).  Por sua posição política, em defesa da democracia no Brasil, foi presa no final da década de 1960. Ao ser libertada, exilou-se no Chile entre os anos de 1970 e 1972. Quando retornou ao País, voltou a ser presa e torturada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais conhecidos agentes da repressão durante a ditadura militar brasileira. Anos depois, seria precursora da luta ambiental no Brasil, defendendo a preservação do meio ambiente, sem perder o foco nas pessoas mais carentes e desprotegidas pelo Estado.

Jamais abandonou a luta política. Percebeu, quando seus netos cresceram, que precisava contar a história dos que lutaram pela democracia no Brasil. Por isto, lançou o livro “1968 Ditadura Abaixo”.Teresa dizia que o livro era necessário para contar às gerações mais novas mais sobre este período.

Por sua luta e por sua história de vida, o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça expressa grande pesar e oferece todo o conforto à família e amigos, que sentirão falta desta grande ativista
brasileira.

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/27/forum-lamenta-morte-de-teresa-urban/

Delfim Netto diz que repetiria AI-5 se ‘condições fossem as mesmas’

O ministro da Fazenda durante o período da ditadura militar, o ex-deputado federal Antônio Delfim Netto disse, nesta terça-feira (25), não se arrepender de ter assinado, em 1968, o Ato Institucional número 5, que extinguiu direitos civis e levou ao período de maior repressão no país. A afirmação foi feita na Comissão Municipal delfim620x465, realizada na Câmara Municipal de São Paulo nesta manhã.

“Se as condições fossem as mesmas e o futuro não fosse opaco, eu repetiria. Eu não só assinei o Ato Institucional número 5 como assinei a Constituição de 1988”, afirmou Delfim.

O Ato Institucional número 5 ou AI-5 foi o quinto de uma série de decretos emitidos pelo regime militar nos anos seguintes ao golpe de 1964 no Brasil. Aprovado em 13 de dezembro de 1968, o AI-5 deu plenos poderes ao presidente-marechal Artur da Costa e Silva e, entre outras medidas, permitiu o fechamento do Congresso, a intervenção do governo federal nos estados, institucionalizou a censura prévia e suspendeu o habeas corpus em casos de crimes políticos.

 

No depoimento desta terça-feira, o ex-ministro negou ter participado de reunião com empresários paulistas para pedir financiamento para ações repressivas.

“Nunca apoiei a repressão. O AI-5 tinha um objetivo. Você estava em um momento muito difícil e tinha todo um projeto de reeditar a Constituição e fazer a eleição em 1969”, disse Delfim Netto.

Delfim afirmou desconhecer que empresários financiassem a repressão. O ex-ministro foi perguntado sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog. Delfim Netto afirmou que estava em Paris e disse não saber de detalhes do ocorrido. Os vereadores questionaram Delfim. Ricardo Young (PPS) declarou incapaz de acreditar na versão.

“Eu dei o meu depoimento. Vossa excelência pode julgar o que quiser. É aquilo que aconteceu. Vossa excelência quer criar uma verdade. Havia a mais absoluta separação. No meu gabinete nunca entrou um oficial fardado. Não existia nenhum vínculo entre as administrações. E tem as atas do conselho. Hoje, com a lei de transparência, é só requisitar as atas do conselho, e tudo estará lá”, rebateu Delfim.

Ex-preso político, o presidente da comissão, o vereador Gilberto Natalini (PV) lamentou que Delfim Netto tenha, segundo ele, se omitido. “Ele disse que não sabia nada e dizia que não sabia que tinha tortura no governo do general Médici. Eu acho que ele omitiu. Ele não falou o que ele sabe”, afirmou Natalini.

A Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, foi criada em abril de 2012 para apurar as violações de direitos humanos envolvendo casos de tortura, mortes, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres ocorridos no município entre 1946 e 1988. Outra Comissão da Verdade funciona na Assembleia Legislativa.

Fonte- Globo .com

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/25/delfim-netto-diz-que-repetiria-ai-5-se-condicoes-fossem-as-mesmas/

CNV e Comissão do Paraná realizam audiência pública conjunta em Foz do Iguaçu

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão Estadual da Verdade do Paraná (CEV-PR) realizam, no próximo dia 27, a partir das 8h30, na Câmara Municipal de Foz do Iguaçu,audiência pública para ouvir vítimas e testemunhas de graves violações de Direitos Humanos ocorridas na região da tríplice fronteira durante a ditadura militar.

A sessão será presidida por Rosa Cardoso, coordenadora da CNV, e o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Paraná, Pedroconvite_audienciapublica(1) Bodê. Os depoimentos serão conduzidos por Rosa e pelo membro da CNV José Carlos Dias, co-coordenador do grupo de trabalho Graves Violações de Direitos Humanos (mortos, desaparecidos e tortura), com a participação dos membros da CEV-PR.

O evento será aberto solenemente pela Secretária de Justiça do Paraná, Maria Tereza Ulle Gomes. A audiência pública terá a participação e o apoio da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

A seguir, a programação, que ainda é provisória.

Os depoimentos começarão a ser colhidos às 9h, com uma apresentação do jornalista e presidente do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu, Aluizio Palmar, autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”, sobre a chacina de Medianeira, ocorrida em 1974. Após a apresentação serão ouvidas vítimas e agentes da repressão que atuaram no caso, ocorrido na estrada do Colono, no interior do Parque Nacional de Foz do Iguaçu.

O massacre (saiba mais sobre o caso assistindo este vídeo da audiência pública da CNV em Curitiba) contou com a participação de um agente colaborador que atraiu cinco militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) _Onofre Pinto, os irmãos Daniel e Joel de Carvalho, José Lavecchia e Victor Ramos_ e o argentino Enrique Ruggia, para uma emboscada montada pelo Exército no interior do Parque Nacional.

No local, cinco deles foram mortos. Ex-sargento do Exército Brasileiro, Onofre Pinto foi levado vivo e torturado em Foz até a morte. Seu corpo, vilipendiado, foi jogado numa área hoje coberta pelo lago de Itaipu.

Às 14h a audiência será retomada para tratar do caso do sequestro dos exilados paraguaios no Brasil, Rodolfo Mongelos e Anibal Abbate Soley, Cesar Cabral e Alejandro Stumpfs, sequestrados em Foz e conduzidos até um sítio em Goiás, onde foram torturados. As vítimas farão o seu relato no evento.

Às 16h, a audiência prosseguirá com a oitiva de três vítimas de prisões e torturas no Batalhão do Exército de Foz do Iguaçu. Um agente do período foi convocado.

No dia 28 pela manhã, também na Câmara de Vereadores de Foz, será ouvido o coordenador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, que falará sobre a Operação Condor. Em seguida, haverá uma exposição sobre violações de Direitos Humanos de indígenas da etnia Avá-Guarani.

SERVIÇO:
O quê: Audiência Pública da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual da Verdade do Paraná em Foz do Iguaçu
Quando: 27 e 28 de junho de 2013
Horário: 8h30 às 20h (dia 27) e 8h30 às 12h30 (dia 28)
Local: Câmara Municipal de Foz do Iguaçu
Endereço: Travessa Oscar Muxfeldt, 81, Centro – Foz do Iguaçu – PR
Transmissão ao vivo: TV – TVE do Paraná
Internet – http://www.twitcasting.tv/CNV_Brasil

Fonte- Comissão Nacional da Verdade

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/21/cnv-e-comissao-do-parana-realizam-audiencia-publica-conjunta-em-foz-do-iguacu/

Prefeito Gustavo Fruet adere ao Fórum

fruetforum4 O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, assinou nesta quarta-feira,19, a adesão ao Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça. Fruet recebeu os representantes do Fórum para discutir a criação do Memorial da Resistência na capital.  “É muito importante contar e recontar a história e lembrar sempre às novas gerações sobre todos os passos importantes que foram dados para que a sociedade chegasse até aqui”, afirmou o prefeito.

A Prefeitura passa assim a ser parceira nas atividades. Além do Museu da Resistência, que tem o objetivo de reunir um acervo de documentos acerca da luta pela democracia no Paraná, o Fórum também pretende estabelecer o Museu de Percurso (Caminhos da Resistência), marcando os locais que foram palco da resistência democrática ou da repressão política.

O reitor da Universidade Federal do Paraná, Zaki Akel Sobrinho, que integra o Fórum, afirmou que o trabalho do grupo está totalmente ligado à preservação da memória. “O objetivo é deixar um legado para o futuro”.

O Fórum apresentou, ainda, o projeto do Museu de Percurso Caminhos da Resistência, que já está sendo discutido com o Ippuc. Em parceria com o Ministério da Justiça, foram identificados 22 locais históricos de Curitiba onde havia focos de resistência ao regime militar e também de repressão. Um marco de memória seria instalado em cada um destes pontos, criando um percurso histórico.

Membro da Comissão Estadual da Verdade  e do Fórum, procurador de justiça do Ministério Público do Paraná  Olympio de Sá Sotto Maior Neto, lembrou do ativismo do então prefeito Maurício Fruet, que, com coragem, lutou pela redemocratização do país.

Também participaram da reunião o presidente do Ippuc, Sérgio Pires, e o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, entre outras autoridades.Fazem parte do Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, mais de 50 entidades da sociedade paranaense.

 Fonte- Fórum Verdade

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/19/prefeito-gustavo-fruet-adere-ao-forum/

Aníbal Abbate Soley – A noite em que o Condor pousou em Foz do Iguaçu

CondorAluizio

Revista Helena: A noite em que o Condor pousou em Foz do Iguaçu

Texto de Aluízio Palmar, publicado pela revista Helena, da Biblioteca Publica do Estado do Paraná.O Fórum publica o artigo em referência à memória de Aníbal Abbate Soley, que faleceu na terça-feira,18, em Foz do Iguaçu.

Numa operação relâmpago a repressão da ditadura civil-militar sequestrou em dezembro de 1974, Aníbal Abbatte Soley, Rodolfo Mongelos, Cesar Cabral e Alejandro Stumpfs.

O medo tomou conta de Foz do Iguaçu na madrugada do dia 1º , um domingo, para o dia 2 de dezembro de 1974, quando quatro cidadãos, empresários bem relacionados na sociedade local, desapareceram de repente.

Para Mongelos, Cabral, Aníbal e Stumpfs, aquele primeiro domingo de dezembro parecia ser igual aos outros tantos domingos vividos em Foz do Iguaçu. O dia transcorrido não havia sido diferente dos demais – churrasco, siesta,tererë  e Grenal.

À noite, Cesar Cabral foi dormir após ver o Fantástico; Anibal Abatte Soley, como de hábito jantou e se recolheu ao quarto; Rodofo Mongelos retornou da casa de sua namorada e Alexandre Stumpfs foi com a esposa ao cinema.

De repente, o que parecia ser mais um tranqüilo começo de madrugada é tumultuado por uma manobra militar de grande envergadura, muitos recursos humanos e materiais.

Em pouco tempo os quatro cidadãos foram seqüestrados em vários pontos da cidade e no mesmo momento. Tudo aconteceu em trinta minutos, numa operação executada pelo Centro de Informações do Exército envolvendo cerca de 20 homens fortemente armados e seis veículos de modelos diferentes

Dos quatro, três eram refugiados políticos no Brasil desde 1959 e saíram do Paraguai devido a ditadura do general Alfredo Stroessner.

Anibal e Stumpfs, empresários no ramo de exportação e Rodolfo Mongelos, dono de padaria no centro da cidade. O único com uma história diferente era Cesar Cabral, empregado na exportadora de Stumpfs. Argentino de nascimento e filho de paraguaios, Cesar deixou a faculdade em 1966 e veio para o Brasil por força das perseguições da ditadura do general Ongania. Em 1968 entrou no MR 8 e um ano depois foi preso no Rio de Janeiro, onde cumpriu pena no Presídio da Ilha Grande. Em 1971 saiu em liberdade condicional por ter cumprido metade da pena.

Ele estava deitado quando bateram à porta; levantou para atender, dois homens entraram e disseram secamente para acompanhá-los. Sua esposa, Adelaide, com o filho Fabian, de dois anos no colo e Fabio, de seis anos, agarrado em sua saia, arregalou os olhos enquanto seu marido era raptado.

Na casa dos Abbate Soley não aconteceu diferente. A família estava dormindo quando foi acordada por uma buzina estridente de um carro
que entrou na garagem. Aníbal pulou da cama, abriu a porta e três homens fortemente armados entraram na sala. Diante da esposa Cristina e das filhas Maria Letizia, na época com oito anos e das gêmeas de quatro anos Maria Rossana e Maria Grissel, os invasores arrancaram o fio do telefone e levaram Anibal.

Com Rodolfo Mongelos e Alejandro Stumpfs Mendoza não foi diferente.

Rodolfo voltava da casa da namorada quando foi arrancado de dentro de seu veículo Opala, encapuzado , algemado e jogado violentamente dentro de uma Veraneio que fugiu em alta velocidade. Algumas pessoas que estavam em frente ao seu estabelecimento comercial – a Padaria Progresso, assistiram a cena e nada puderam fazer devido a rapidez do seqüestro.

Quanto a Stmpfs, ele voltava do cinema com sua esposa Antonia Velasquez, quando seu carro foi abalroado por uma Veraneio e dela saíram três indivíduos que agarraram o empresário e dispararam em direção à BR 277, estrada que leva Foz do Iguaçu a Curitiba.

E os quatro carros, acompanhados por outros tantos, seguiram pela estrada e só pararam nas proximidades de Céu Azul, para que os raptores interrogassem suas vitimas dentro do Parque Nacional do Iguaçu.

O rapto dos três paraguaios e do argentino, exilados em Foz do Iguaçu, foi uma operação militar que exigiu um longo tempo de preparação, muitos recursos humanos e materiais e um grande esforço de coordenação. Foi rigorosamente sigilosa e executada por um grupo especial comandado pelo coronel Sebastião Curió, que se deslocou da cidade de Brasília, para raptar os exilados e levá-los para uma unidade militar localizada em Formosa, interior do estado de Goiás.

Tomados pelo medo, aos raptados restou a submissão total, perda de autonomia como indivíduos, redução à indignidade de ser apenas coisa. Estavam em condições adversas, sem saber a razão daquele ato de violência. Sabiam que por trás, manipulando a tropa, puxando os fios do comando, havia poderes e interesses maiores.

Vieram a conhecer esses poderes e interesses quando foram interrogados por oficiais do Exercito, de altas patentes.

Descobriram que eram vítimas de uma parceria entre as ditaduras do Brasil e do Paraguai. Que foram raptados no meio da noite, em seus lares e em frente de suas esposas e filhos, em nome das boas relações entre os dois regimes ditatoriais e do bom andamento das obras e do acordo para a construção da Usina de Itaipu. Eram vítimas da binacional da repressão e do terror.

O rapto dos exilados em Foz do Iguaçu foi um ensaio do que viria a ser a Operação Condor, criada meses depois pelas ditaduras do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de coordenar a repressão a opositores e eliminar seus líderes.

Os empresários iguaçuenses, todos integrantes do Movimento Popular Colorado eram acusados de conspirar no exílio contra o general Alfredo Stroessner e terem contato com membros da resistência à ditadura que moravam no Paraguai. Esses ativistas foram presos em Assunção e em 1976  e executados por ordem direta do general Stroessner.

Passado o susto, em Foz do Iguaçu, familiares dos presos bateram à porta do então 1º Batalhão de Fronteiras e apresentaram denúncia na Delegacia da Polícia Federal. Os órgãos policiais estavam perdidos, sem rumo. A falta de informação era geral.

Maçonaria e Lions Clubes mexeram seus pauzinhos em defesa dos empresários seqüestrados. Todos sabiam o que acontecia no Brasil e no Paraguai, onde presos eram torturados e desapareciam. Foram dias de muita apreensão. Os pedidos de informações não eram respondidos. A resposta era o silêncio.

Finalmente foram soltos, graças a forte pressão internacional. O papa Paulo 6º e o presidente venezuelano Carlos Andrés Perez, entre outros, condenaram o governo brasileiro pelas prisões. Anibal, Mongelos e Stumpfs foram soltos no dia 23 de dezembro. Cesar foi libertado uns dias antes.
A condição, tomada num acordo entre as ditaduras do Brasil e do Paraguai, foi que os presos, libertados, não voltassem a Foz do Iguaçu num prazo de dois anos.

Aluízio Palmar é jornalista em Foz do Iguaçu.
Texto publicado originalmente na Revista Helena, editada pela  Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/19/anibal-abbate-soley-a-noite-em-que-o-condor-pousou-em-foz-do-iguacu/

Curitiba: Julgamento do assassino de Leila Wright

Acontece na quinta-feira, 20, julgamento do acusado de assassinar a fotógrafa Leila Cristina Wright. O crime aconteceu em 15 de novembro de 1997, no Jardim Social, em Curitiba. Leila era filha de Paulo Stuart Wright(foto), que foi deputado estadual em Santa Catarina. Cassado em 1964 Paulo viveu na clandestinidade até 1973 quando desapareceu.Em 1994, Leila participou junto com outras mulheres de manifestações em Brasília, em memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos. O acusado de assassinar Leila é seu próprio primo.
O julgamento acontece a partir das 13 horas, no Tribunal do Júri, na Praça Nossa Senhora da Salete.

Leila era filha de Paulo Stuart Wright(foto), que foi deputado estadual em Santa Catarina.

Leila era filha de Paulo Stuart Wright(foto), que foi deputado estadual em Santa Catarina.

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/18/curitiba-julgamento-do-assassinato-de-leila-wright/

Cláudio Fonteles anuncia saída da Comissão da Verdade

O ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles decidiu deixar o cargo de membro da Comissão Nacional da Verdade.

Sua decisão foi comunicada no início da reunião do colegiado que ocorreu na segunda-feira,17, em Brasília.

Segundo um membro que participou da reunião, Fonteles afirmou aos comissionados que deixaria o grupo por “motivos de natureza pessoal”.

Os demais membros da comissão teriam pedido para Fonteles reconsiderar sua decisão, mas o ex-procurador afirmou que sua decisão era “irreversível” e deixou uma carta com o pedido de renúncia para ser encaminhado à Presidência.

COMISSÃO

Cláudio Fonteles considera que a realização de audiências pelo país ajuda a mobilizar apurações paralelas à da CNV (Foto: Alan Marques.Folhapress)
Em nota postada na conta do Facebook da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a assessoria do grupo afirma que sua atual coordenadora, Rosa Cardoso, lamentou a decisão de Fonteles.

“Fonteles comunicou a decisão aos membros durante a reunião do colegiado na manhã de ontem e entregou um termo por escrito, alegando motivos pessoais para deixar a função. A carta será entregue à presidenta Dilma Roussef”, diz a nota.

“Pretendo ficar na comissão até o final dos trabalhos da CNV. Lamento, profundamente, a saída de Claudio e enfatizo que ele não teve, não tem e não terá nenhuma divergência comigo. Gostaria muito que ele continuasse conosco”, afirma Rosa na nota.

DIVERGÊNCIAS

A comissão foi criada para investigar crimes de violação de direitos humanos cometidos por agentes da repressão ocorridos entre 1946 e 1988, em especial durante a ditadura militar.

O grupo tomou posse em maio de 2012, com prazo de dois anos, que foi prorrogado e se estenderá até novembro de 2014.

Conforme a Folha mostrou em abril, há divergências internas entre os membros do colegiado sobre a condução dos trabalhos e a divulgação dos resultados já obtidos.

Parte do grupo, liderada por Paulo Sérgio Pinheiro, defende que a comissão deve trabalhar em silêncio e apresentar as conclusões no relatório final, que será divulgado ao fim dos trabalhos, em novembro de 2014.

De outro lado estão Cláudio Fonteles e Rosa Cardoso, atual coordenadora, para quem o grupo também deveria produzir ampla discussão pública sobre a ditadura.

Também integram o colegiado a psicanalista Maria Rita Kehl, o ex-ministro José Carlos Dias, o advogado José Paulo Cavalcanti Filho e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp.

Em abril, Dipp sinalizou que deixaria a comissão por motivos de saúde. Ele estava afastado do grupo desde setembro de 2012, quando foi internado para tratar de complicações de uma pneumonia. A falta de consenso sobre um nome para substitui-lo, porém, adiou sua saída, que ainda não ocorreu.

Fonte- Folha de S. Paulo

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/18/claudio-fonteles-anuncia-saida-da-comissao-da-verdade/

Jurista diz que ditadura devastou direito constitucional no Brasil

Ao participar do seminário “25 anos de Constituição Federal”, o professor e jurista Luis Roberto Barroso, nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que durante os mais de vinte anos de ditadura militar no Brasil ‘o Direito Constitucional  foi devastado e relegado à mais absoluta irrelevância’. Segundo ele,  coube especialmente aos juristas Paulo Bonavides e José Afonso da Silva ‘iluminar a escuridão com sua presença e  com uma formulação do Direito Constitucional que não o deixava morrer’. O evento foi promovido pelo presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Furtado, na sede da entidade.

Barroso acrescentou que o professor Bonavides foi um farol que iluminou o Direito Constitucional no período de trevas e que depois sobreviveu à ditadura e ajudou a conduzir o Brasil à democracia. “Ele foi um dos grandes construtores do constitucionalismo democrático no Brasil, que foi a ideologia vitoriosa do século XX, derrotando inúmeros projetos alternativos, sobretudo projetos autoritários”, afirmou.

“Constitucionalismo que significa Estado de Direito, poder limitado, respeito aos direitos fundamentais de um lado; de outro lado,  a Democracia, que significa soberania popular, governo do povo, vontade da maioria, esses dois conceitos que têm trajetórias diferentes se fundiram  para criar o modelo ideal, o arranjo institucional ideal que se pratica no mundo contemporâneo”, disse Barroso.

Ao concluir, o futuro ministro do STF afirmou que o professor Bonavides foi “um dos grandes construtores, não só teórico, mas concreto, do constitucionalismo democrático no Brasil”.

Fonte – Jornal do Brasil

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/06/17/jurista-diz-que-ditadura-devastou-direito-constitucional-no-brasil/

Carregar mais