A primeira audiência pública da Comissão Estadual da Verdade (CEV), criada no ano passado pelo governador Beto Richa, começou na quinta-feira (27), na Câmara de Foz do Iguaçu. A previsão é que os trabalhos sejam encerrados nesta sexta-feira (28), antes do meio-dia. Nove pessoas deram seus depoimentos, ao auditório lotado, sobre crimes da ditadura militar na Região Oeste do Paraná.
O presidente da CEV, Pedro Bodê, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explicou que na região de Foz ocorreram graves casos, como o do massacre de Medianeira, onde foram assassinados seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, em 1974, na Estrada do Colono. A chacina e outras violações de direitos humanos foram registradas na Operação Condor, montada para reprimir os que se opunham às ditaduras da Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil e Chile.
Bodê destacou que o trabalho da Comissão resgata a história e leva ao conhecimento dos jovens o conhecimento dos erros do passado. Relatos contundentes, com momentos de emoção, sobre torturas e torturadores foram dados por Aluízio Palmar, Adão Luiz Almeida, Ana Beatriz Fortes, Rodolfo Mongelos Leguizamon, Lilian Ruggia, Luiz Alberto Fávero, Isabel Fávero, Gilberto Giovannetti e Jair Kischeke.
O jornalista Aluizio Palmar foi responsável pelo início da investigação sobre o massacre do Parque Nacional do Iguaçu ou de Medianeira e autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos”. Palmar foi militante do movimento estudantil, ajudou a fundar o Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) de Niterói e foi preso em Cascavel/PR em 69.
Ele sofreu torturas e foi deportado para o Chile, junto com outros 69 companheiros, em troca da liberação do embaixador da Suíça no Brasil, em 1971. A luta continuou no exílio e, quando voltou ao Brasil, viveu como clandestino até a Lei de Anistia, em 1979.
Nesta sexta-feira, será elaborado um relatório final para ser encaminhado à Comissão Nacional da Verdade, para que os casos sejam devidamente apurados. Com as apurações concluídas a CNV enviará um documento final para a Presidência da República.
A organização da audiência foi da CEV em conjunto com o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP), Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça e do Fórum de Direitos Humanos e Memória Popular, em parceria e com apoio da Comissão Nacional da Verdade, Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná.
Fonte- Agência Estadual de Notícias
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