O ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles decidiu deixar o cargo de membro da Comissão Nacional da Verdade.
Sua decisão foi comunicada no início da reunião do colegiado que ocorreu na segunda-feira,17, em Brasília.
Segundo um membro que participou da reunião, Fonteles afirmou aos comissionados que deixaria o grupo por “motivos de natureza pessoal”.
Os demais membros da comissão teriam pedido para Fonteles reconsiderar sua decisão, mas o ex-procurador afirmou que sua decisão era “irreversível” e deixou uma carta com o pedido de renúncia para ser encaminhado à Presidência.
COMISSÃO
Em nota postada na conta do Facebook da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a assessoria do grupo afirma que sua atual coordenadora, Rosa Cardoso, lamentou a decisão de Fonteles.
“Fonteles comunicou a decisão aos membros durante a reunião do colegiado na manhã de ontem e entregou um termo por escrito, alegando motivos pessoais para deixar a função. A carta será entregue à presidenta Dilma Roussef”, diz a nota.
“Pretendo ficar na comissão até o final dos trabalhos da CNV. Lamento, profundamente, a saída de Claudio e enfatizo que ele não teve, não tem e não terá nenhuma divergência comigo. Gostaria muito que ele continuasse conosco”, afirma Rosa na nota.
DIVERGÊNCIAS
A comissão foi criada para investigar crimes de violação de direitos humanos cometidos por agentes da repressão ocorridos entre 1946 e 1988, em especial durante a ditadura militar.
O grupo tomou posse em maio de 2012, com prazo de dois anos, que foi prorrogado e se estenderá até novembro de 2014.
Conforme a Folha mostrou em abril, há divergências internas entre os membros do colegiado sobre a condução dos trabalhos e a divulgação dos resultados já obtidos.
Parte do grupo, liderada por Paulo Sérgio Pinheiro, defende que a comissão deve trabalhar em silêncio e apresentar as conclusões no relatório final, que será divulgado ao fim dos trabalhos, em novembro de 2014.
De outro lado estão Cláudio Fonteles e Rosa Cardoso, atual coordenadora, para quem o grupo também deveria produzir ampla discussão pública sobre a ditadura.
Também integram o colegiado a psicanalista Maria Rita Kehl, o ex-ministro José Carlos Dias, o advogado José Paulo Cavalcanti Filho e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp.
Em abril, Dipp sinalizou que deixaria a comissão por motivos de saúde. Ele estava afastado do grupo desde setembro de 2012, quando foi internado para tratar de complicações de uma pneumonia. A falta de consenso sobre um nome para substitui-lo, porém, adiou sua saída, que ainda não ocorreu.
Fonte- Folha de S. Paulo
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