Procurador-Geral da República designa procuradores para atuarem nas investigações e nos atos de persecução penal relativos à Guerrilha do Araguaia

53(Pag)

O Procurador-Geral da República, RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS,  através da PORTARIA Nº 876, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2013, designa procuradores da República ANTONIO DO PASSO CABRAL, LUANA VARGAS MACEDO, MELINA ALVES TOSTES, SÉRGIO GARDENGHI SUIAMA, IVAN CLÁUDIO MARX e TIAGO MODESTO RABELO para, em conjunto com os Procuradores da República MARA ELISA DE OLIVEIRA e HENRIQUE HAHN MARTINS DE MENEZES, atuarem nas investigações e nos atos de persecução penal relativos à Guerrilha do Araguaia, referidos na sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, no caso Gomes Lund vs Brasil.

Fonte: REDE BRASIL – MEMÓRIA,VERDADE,JUSTIÇA

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/23/procurador-geral-da-republica-designa-procuradores-para-atuarem-nas-investigacoes-e-nos-atos-de-persecucao-penal-relativos-a-guerrilha-do-araguaia-2/

Ditadura criou cadeias para índios com trabalhos forçados e torturas – Agência Pública

Acusações de vadiagem, consumo de álcool e pederastia jogaram índios em prisões durante o regime militar; para pesquisadores, sociedade deve reconhecê-los como presos políticos.

Leia mais em http://www.apublica.org/2013/06/ditadura-criou-cadeias-para-indios-trabalhos-forcados-torturas/

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/23/procurador-geral-da-republica-designa-procuradores-para-atuarem-nas-investigacoes-e-nos-atos-de-persecucao-penal-relativos-a-guerrilha-do-araguaia/

Integrantes defendem prorrogação da Comissão Nacional da Verdade

Membros da Comissão Nacional da Verdade voltaram a defender na segunda-feira (16) a prorrogação do prazo dos trabalhos da comissão. Segundo questões qlei que criou a comissão, os trabalhos devem ser encerrados em maio do próximo ano. Mas, na avaliação da advogada Rosa Cardoso e da psicanalista Maria Rita Kehl, o grupo precisa ter os trabalhos prorrogados até novembro de 2014.

Em agosto deste ano, o coordenador da comissão, José Carlos Dias, já havia afirmado que o trabalho do grupo deveria ser prorrogado por seis meses além do prazo de dois anos estabelecido pela lei que criou o colegiado.

A prorrogação ainda não foi oficializada pela Presidência da República. Segundo a assessoria da Comissão Nacional da Verdade, é preciso que a Presidência envie uma proposta (ainda não definida, segundo a assessoria) ao Congresso Nacional sobre como se dará a prorrogação.

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12.528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A comissão tem por finalidade “apurar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988”.

Rosa Cardoso, coordenadora na comissão de grupos como o que analisa casos ocorridos no regime militar, disse que a necessidade da prorrogação do prazo se dá em função de o grupo possuir “poucos membros” e de ter “contato” com outras comissões.

“Houve um movimento muito grande para a criação de outras comissões que começaram a existir, não só estaduais, mas municipais e temáticas, e a comissão tem que ter um contato com todas. É um conjunto de instituições e entidades que vão sendo criadas e isso toma um tempo. Então, nós não podemos nos dedicar somente à pesquisa, investigações sobre o período. Há audiências, temos atividades e poucos membros”, disse Rosa Cardoso.

Na avaliação de Maria Rita Kehl. coordenadora do grupo que analisa a violação de direitos humanos de indígenas e camponeses, se não houver a prorrogação do prazo, o relatório final do grupo “não terá a densidade necessária”.

“Essa é a nossa expectativa [a prorrogação], porque em maio deste ano, quando a comissão fez um ano, nós pedimos à presidente [Dilma Rousseff] e ela foi muito simpática. (…) Estamos contando com isso, para fazer um trabalho mais detalhado e mais exaustivo”, disse Maria Rita.

Relatório final
A comissão apresentou nesta segunda-feira em Brasília a comitês estaduais “esboço” de como será o relatório final do colegiado a respeito das violações de direitos humanos praticados no país entre 1946 e 1988. Segundo Rosa Cardoso, o documento será constituído em conjunto entre a comissão nacional e os comitês regionais.

“A reunião serviu para a apresentação aos comitês sobre a fase em que estamos e para começar a esboçar o relatório. A comissão investigou, fez audiências, fez pesquisas e recebeu informes elaborados pelos grupos de trabalho, e a fase é começar a pensar como redigir o relatório”, afirmou Rosa Cardoso.

Ainda segundo Rosa, o momento para discutir o relatório final com os comitês estaduais é “oportuno”.

“Nós temos praticamente um ano pela frente, mas já achamos oportuno começar a discutir o relatório, porque é texto escrito, e como todos os textos escritos, precisa de muitas aproximações. Nós vamos fazer versões sucessivas, para encontrarmos uma narrativa, a mais explicativa possível, para as que estamos discutindo”, completou.

Fonte- Filipe Matoso Do G1, em Brasília

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/17/integrantes-defendem-prorrogacao-da-comissao-nacional-da-verdade/

FMDH é encerrado e Marrocos é o próximo país a sediar o Fórum

A cerimônia de encerramento do Fórum Mundial de Direitos Humanos teve show, balanço das atividades, abraço coletivo e anúncio dos próximos países a sediar o encontro: em 2014 será no Marrocos, enquanto o fórum de 2015 será realizado na Argentina. As delegações de ambos os países comemoraram muito a escolha.

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), ressaltou a participação de representantes de 74 países e a diversidade de atividades, que tiveram cobertura especial da Empresa Brasil de Comunicação.

“Organizamos este fórum no Brasil porque acreditamos que os governos devem sempre estar abertos ao diálogo com a sociedade civil, justamente porque isto fortalece a democracia”, afirmou a ministra. “Aprendemos com Mandela que devemos ser nós mesmos os agentes de promoção da paz”, complementou.

Desde o dia 10 de dezembro foram realizadas mais de 500 atividades no Fórum, que contou com a participação da presidenta da República, Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, do vice-presidente da Colômbia, da secretária executiva, Patrícia Barcelos, e dos secretários nacionais da SDH/PR, entre outras autoridades. Mais de 9 mil participantes registraram presença.

O coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Rildo Marques, fez um agradecimento às 730 entidades que compuseram o Comitê Organizador do Fórum. “Porque este espaço foi construído com muitas mãos, sem as quais não teria sido possível realizá-lo. Também agradeço à ministra Maria do Rosário, por seu empenho pessoal para a concretização desse esforço”.

O vice-presidente da Colômbia, Angelino Garzón, destacou os avanços realizados pelo Brasil em Direitos Humanos e enfatizou a importância de o país ter duas mulheres no comando da SDH\PR. “Os Direitos Humanos devem ter o rosto da mulher, da criança, do índio, do afrodescendente. E a paz está absolutamente ligada aos Direitos Humanos”, disse.

A coordenadora da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Salete Camba, resumiu da seguinte forma o encerramento das atividades: “Cada um de nós agora tem o desafio de levar adiante o que aprendeu aqui, e assim contribuir para a afirmação dos Direitos Humanos em todo o mundo”.

 

Confira as matérias produzidas pelos veículos que estiveram em Brasília, a convite da organização, para realizar uma cobertura especial sobre o Fórum

Carta Capital
“Sei o quanto parte da elite me odeia”, diz Lula

Carta Capital

”A tortura continua existindo no País”, diz Dilma

Carta Capital
“As convenções internacionais não valem se não virarem política pública”

Carta Capital
Só movimentos sociais podem reverter exclusão, diz Farzana Bari

Carta Capital
O povo palestino está cético em relação à paz, diz embaixador

Carta Capital
“Quando não se resolve o passado, estamos condenados a repeti-lo”

Carta Capital

Laudo desmente versão oficial sobre morte de militante da ALN


 

Carta Maior
Dilma cria Sistema Nacional de Enfrentamento à Tortura

Carta Maior
Índios pressionam e ministra Maria do Rosário diz ser contra PEC 215

Carta Maior
Laudo comprova que militante da ALN foi torturado e executado

Carta Maior
Concentração da mídia é maior ameaça à liberdade de expressão

Carta Maior
Militantes repudiam comissão para avaliar demarcações de terras indígenas

Carta Maior
Fórum Mundial de Direitos Humanos debate desmilitarização da polícia

Carta Maior
Direitos culturais ainda precisam ser reconhecidos como direitos

Carta Maior
Fórum Mundial dos Direitos Humanos reúne mais de 5 mil em Brasília

 

Revista Fórum
Premiado, movimento Mães de Maio defende desmilitarização da polícia

Revista Fórum
“No Brasil é assim: ruralista manda, governo obedece, Polícia Federal executa e índio morre”

Revista Fórum
Inspirado em Mandela, começa Fórum Mundial de Direitos Humanos

 

Viração/Agência Jovem de Notícias
Se liga no Fórum Mundial de Direitos Humanos

Viração/Agência Jovem de Notícias
FMDH 12/12/2013

Viração/Agência Jovem de Notícias
FMDH01 11/12/2013

Viração/Agência Jovem de Notícias
Primeiro dia de Fórum Mundial de Direitos Humanos

 

Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada
Violência obstétrica pede que tema seja incluído na carta do FMDH

Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada
Tendas concentram os mais desiguais

Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada
Comunicação é um direito humano

Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada
Cadê os nossos direitos humanos?

La Poderosa
Lucha não tem fim

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/14/fmdh-e-encerrado-e-marrocos-e-o-proximo-pais-a-sediar-o-forum/

Dilma cria Sistema Nacional de Enfrentamento à Tortura

A presidenta Dilma Rousseff afirmou na quinta-feira (12), em seu discurso no Fórum Mundial de Direitos Humanos, que o grande tema do evento, os Direitos Humanos, são uma diretriz de seu governo. Dilma também assinou a criação do dilmatorturadecreto 12.847, que instituiu o Sistema Nacional de Enfrentamento à Tortura.

Dilma foi a principal figura, entre várias autoridades presentes, na entrega do 19º Prêmio Direitos Humanos. Ao seu lado, a primeira fala foi feita pela ministra titular da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.

Em meio a uma platéia numerosa, pelo menos dois grupos de manifestantes protestavam. Um deles era composto majoritariamente por indígenas, que pediam a demarcação de terras e o fim do massacre dos povos indígenas. O segundo protestava contra a violência nas periferias, e gritava palavras de ordem, principalmente, em defesa da desmilitarização da polícia. Houve também palavras de ordem contra a Copa do Mundo no Brasil, emprestadas das manifestações de junho.

Por isso mesmo, Maria do Rosário afirmou que “são poucos os líderes mundiais que se dispõem a um debate aberto e franco no enfrentamento das questões relativas aos Direitos Humanos”. “A voz de todos é ouvida quando todos sabem participar e valorizar os processos democráticos”, afirmou a ministra. Ela valorizou em especial as pessoas que receberam o prêmio, exaltando os Direitos Humanos como “integrante maior da nossa Constituição”.

Em nome dos agraciados com o prêmio, falou a fundadora do movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva. Ela afirmou que o prêmio “não é nosso, mas de todas as vítimas do Estado brasileiro”. Aproveitando a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ela afirmou que “a Justiça não aparece para nós, pobres e negros”. Em seguida, Débora foi muito ovacionada ao dizer que, para poder enfim comemorar o fim da ditadura, é preciso desmilitarizar a polícia.

Outra das agraciadas com o prêmio que foi muito ovacionada também foi Maria da Penha Fernandes, que dá o nome à lei que combate a violência doméstica contra a mulher.

Em meio a muitas manifestações, Dilma cumprimentou os premiados e lembrou de Nelson Mandela. “Falar de Mandela nos remete à resistência contra todo tipo de opressão”, disse a presidenta. Ela saudou os agraciados como pessoas que fazem de suas vidas uma trincheira dos Direitos Humanos.

Dilma também lembrou que, apesar de ainda haver muito a ser feito, o país avançou muito em diversos aspectos, citando diversos programas governamentais que foram bem sucedidos e foi muito aplaudida, em especial nos programas de combate à pobreza e à violência, além das ações afirmativas, como a instituição das cotas raciais no ensino superior.

Ao assinar o decreto que regulamenta a Lei 12.847/2013, que institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, cria o Prêmio de Direitos Humanos e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, a presidenta disse que “o Estado brasileiro não aceita nem aceitará práticas de tortura contra qualquer cidadão”, e lembrou que ela mesma foi vítima de tortura também.

Lula

O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva teve um espaço dedicado exclusivamente para que ele compartilhasse sua experiência, não apenas à frente da Presidência da República mas, também, de forma geral, de sua vida. Logo no começo de seu depoimento, Lula fez os presentes vibrarem ao quebrar o protocolo e anunciar: “eu trouxe um texto escrito mas vou agora mesmo deixar de lado”.

Lula também teve a fala acompanhada por manifestantes, em especial da causa indígena, que permaneceram no local depois da entrega da premiação do 19º Prêmio Direitos Humanos, que contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff. Lula, por sua vez, se dirigiu diretamente aos manifestantes, afirmando que, de fato, ainda há muito a ser feito, mais que é preciso se reconhecer tudo que foi feito.

Ele se referiu ao antigo titular da pasta da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, para lembrar da aprovação do Plano Nacional de Direitos Humanos, em seu mandato. Para ele, a participação da sociedade foi fundamental nos avanços mencionados e o grande legado de seus mandatos, pois foram 74 conferências realizadas.

Lula também exaltou a democracia, e disse que a prova dos avanços democráticos que temos hoje é que, por mais que se faça, há sempre alguém pedindo que se faça mais. “Somente a democracia permitiu que um metalúrgico chegasse a presidente da República nesse país, somente a democracia permitiu que um índio chegasse à presidência da Bolívia, que um negro chegasse à presidência nos Estados Unidos e uma ex-guerrilheira, condenada a muitos anos de cadeia, chegasse à Presidência no Brasil”.

Fonte- Agência Brasil

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/13/dilma-cria-sistema-nacional-de-enfrentamento-a-tortura/

No dia dos 45 anos do AI-5, ditador Costa e Silva perde nome em escola

Há 45 anos cravados, em outra sexta-feira 13, a de dezembro de 1968, 25 membros do Conselho de Segurança Nacional se sentaram em torno de uma mesa cuja cabeceira era ocupada pelo marechal Arthur da Costa e Silva, presidente da República sem ter amealhado um mísero voto popular.

Costa e Silva, o ditador: ignorância e truculência

Costa e Silva, o ditador: ignorância e truculência

Ali, no Palácio Laranjeiras, o ditador propôs o Ato Institucional número 5, asfixiando ainda mais as liberdades castigadas desde o golpe de Estado de 1964. Só o seu vice, o civil Pedro Aleixo, divergiu. Faceiro, o ministro do Trabalho, coronel Jarbas Passarinho, proclamou:

“Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência.”

Nesta manhã de sexta-feira, 13 de dezembro de 2013, graças a escrúpulos de consciência democrática e cidadã, o Colégio Estadual Costa e Silva, em Nova Iguaçu (RJ), abandona o nome do militar que contribuiu para endurecer ainda mais a ditadura.

A escola de ensino fundamental na Baixada Fluminense passa a se denominar Colégio Estadual Abdias do Nascimento, em reverência ao artista, militante político e ativista do movimento negro.

Costa e Silva (1899-1969), além de eminência da linha-dura do Exército, celebrizou-se pela ignorância cavalar _inimigos e mesmo amigos colecionavam anedotas sobre sua parca intimidade com as letras.

Abdias do Nascimento (1914-2011) representa o antípoda do ditador. Amargou uma década no exílio, inclusive quando Costa e Silva exercia a Presidência. Criador do Teatro Experimental do Negro na década de 1940, foi também poeta, escultor e professor universitário. Com o fim da ditadura, elegeu-se deputado federal e cumpriu mandato de senador.

Aos poucos, os símbolos da ditadura vão dando lugar a homenagens aos cidadãos que lutaram contra o regime que se estendeu por 21 anos.

A iniciativa para a troca do nome do colégio, decisão da qual os alunos do estabelecimento participaram, foi da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro.

Fonte- Blog Mario Magalhães/UOL

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/13/no-dia-dos-45-anos-do-ai-5-ditador-costa-e-silva-perde-nome-em-escola/

Colégio Presidente Médici decide trocar nome para Colégio Carlos Marighella

Numa eleição histórica encerrada anteontem, a comunidade do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, de Salvador, decidiu que a instituição deve ser rebatizada como Colégio Estadual Carlos Marighella.

Carlos Marighella fundou a maior organização guerrilheira de combate à ditadura, a Ação Libertadora Nacional, ALN.

Carlos Marighella fundou a maior organização guerrilheira de combate à ditadura, a Ação Libertadora Nacional, ALN.

Os eleitores, na maioria alunos, deram 406 votos (69%) a Marighella e 128 ao geógrafo Milton Santos. Os nulos foram 25, e os brancos, 27. O resultado será encaminhado à Secretaria da Educação da Bahia, para que o Estado promova uma “reinauguração”, palavra empregada pela diretora do estabelecimento, Aldair Almeida Dantas, em conversa com o blog.

O colégio foi inaugurado em 1972, quando o general gaúcho Médici (1905-85) ocupava a Presidência da República, sem ter recebido um só voto popular. Seu governo (1969-74) marcou o período de maior repressão e falta de liberdades na ditadura imposta em 64.

Do golpe que derrubou o presidente constitucional João Goulart até 1985, nos 21 anos em que ditadores ocuparam o Palácio do Planalto, ao menos 400 oposicionistas foram mortos por agentes públicos. Boa parte havia sido presa com vida, estava sob custódia do Estado e foi torturada até a morte.  Mais de 130 cidadãos tiveram os corpos desaparecidos para sempre, sem que as famílias pudessem lhes oferecer um enterro digno. Nem mesmo a legislação da ditadura autorizava tortura e execução de seres humanos.

O guerrilheiro baiano Carlos Marighella (1911-69) foi declarado pela ditadura, em novembro de 1968, “inimigo público número 1”. Militante comunista na maior parte da vida, ele se incorporou em 67 à luta armada contra o regime. Fundou a maior organização guerrilheira de combate à ditadura, a Ação Libertadora Nacional, ALN.

Foi assassinado em 1969, no governo Médici, por ao menos 29 membros da polícia política armados até os dentes. Desarmado, Marighella não portava nem um canivete. Em decisões de 1996 e 2011, a União reconheceu que o “inimigo” poderia ter sido preso vivo, assumiu a responsabilidade por seu homicídio e pediu perdão à sua família.

O outro candidato da eleição, o geógrafo baiano Milton Santos (1926-2001), foi um dos pensadores brasileiros mais brilhantes do século XX. Perseguido pela ditadura, foi obrigado a passar mais de uma década no exílio, inclusive durante a administração do general Médici.

Milton Santos e Carlos Marighella eram afrodescendentes. Médici era branco.

O pleito foi coordenado pelo colegiado da escola, composto por professores, funcionários, estudantes e pais de alunos _segmentos que tiveram direito a voto. Ninguém propôs manter na cédula o nome atual _insatisfeitos com as opções votaram branco e nulo. O colégio Médici é de ensino médio e profissionalizante.

Continuam a existir no Brasil centenas ou milhares de sítios públicos batizados em homenagem a próceres e símbolos da ditadura. Seria como eternizar na Alemanha reverências do tempo do nazismo ou, na Argentina, da ditadura 1976-83. Mas não existe escola berlinense Adolf Hitler ou praça portenha Jorge Rafael Videla, o ditador que principiou o ciclo genocida. Tiranos e açougueiros do passado não devem servir de exemplo aos jovens.

É esse o caminho apontado no colégio Médici, futuro colégio Marighella.

Como assinalou a diretora Aldair, na origem da escolha pela mudança de nome esteve uma exposição dos alunos, derivada de “um trabalho espetacular da professora Maria Carmen”. Chamaram-na “A vida em preto e branco: Carlos Marighella e a ditadura militar”.

Um vídeo com a socióloga e professora Carmen apresentando a exposição pode ser assistido clicando aqui.

Testemunho pessoal

Sou autor da biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras). Um exemplar aparece no vídeo, entre os objetos expostos no _ainda_ colégio Médici. A professora Carmem disse, comovendo-me: “Seu livro foi uma base e uma inspiração para esse trabalho”.

Como sabe quem leu a biografia, não produzi nem uma hagiografia, promovendo os feitos do protagonista, nem um libelo contra ele. Escrevi uma reportagem, contando o que Marighella fez, disse e, na medida do possível, pensou. Não o julgo ou trato como herói ou bandido _empenho-me em fornecer informações para cada leitor formar seu próprio juízo.

Mas, como dizia João Saldanha, grande amigo de Marighella, eu não sou filho de chocadeira _tenho opinião. A ditadura foi um mal, e seus crimes devem ser narrados, bem como os criminosos, punidos. A história não deve apagar personagens, como a ditadura e suas viúvas tentaram fazer com Marighella, ou como os artistas de Stálin faziam eliminando das fotografias as pessoas caídas em desgraça.

A professora Carmem e seus alunos orgulham o Brasil. Assim como é legítimo haver escolas com o nome de Carlos Lacerda (1914-77), líder de direita de gigantesco talento, é legítimo reverenciar um dirigente de esquerda como Carlos Marighella.

Ilegítimo é bajular em prédio público a memória de ditador, perenizando o elogio das trevas.

Tomara que o governo Jacques Wagner não barre a decisão democrática e soberana da comunidade que decidiu pela civilização, contra a barbárie.

Fonte- Coluna Mario Magalhães/UOL

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/12/colegio-presidente-medici-decide-trocar-nome-para-colegio-carlos-marighella-22/

Autoridades e especialistas pedem revisão da Lei da Anistia

A rediscussão da Lei da Anistia com punição para os agentes do Estado responsáveis por torturas às vítimas da ditadura foi a principal reivindicação feita hoje (11) no Fórum Mundial de Direitos Humanos. Debate sobre o tema “Memória, Verdade e Justiça” levou à posição unânime que, apesar dos avanços obtidos até agora na reparação dos erros cometidos, o Brasil precisa caminhar mais na busca pelo seu passado e se organizar para fazer com que os culpados sejam julgados.

Maria do Rosário disse que é preciso concluir histórias da ditadura. "O Estado não merece, ainda, perdão"

Maria do Rosário disse que é preciso concluir histórias da ditadura. “O Estado não merece, ainda, perdão”

O evento contou com a participação da ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, o magistrado espanhol Baltasar Garzón, a advogada Rosa Cardoso, da Comissão da Verdade, e uma das representantes do grupo de Mães da Praça de Maio, a argentina Estela Carlotto.

A maior parte da discussão teve como foco a necessidade de ser revista posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2010, quando os ministros consideraram que houve um pacto social e político durante a sanção da referida lei, permitindo a impunidade dos agentes do Estado responsáveis pela tortura e pela perseguição a militantes políticos.

“Estamos percorrendo um longo caminho, com a ajuda das famílias, na busca pelos corpos, na reconstituição das histórias dos desaparecidos e para chegar ao nome dos assassinos, mas sabemos que apenas esse resgate e a reparação do Estado às vítimas não basta. É preciso judicializar a questão e quem discute a punição ou não dos responsáveis por estes crimes de lesa-humanidade é o Judiciário”, colocou Rosa Cardoso, ao falar do trabalho que vem sendo realizado pela Comissão da Verdade.

Um bom sinal, de acordo com a advogada, foi a posição externada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no sentido de que os crimes cometidos pela ditadura são “imprescritíveis”. A mudança foi considerada fundamental, uma vez que o antecessor de Janot, Roberto Gurgel, encampou em 2010 a visão da maioria dos ministros do STF.

A ministra Maria do Rosário, ao abrir os trabalhos, anunciou a revisão da versão dada anteriormente pelo Estado na morte de um preso político desaparecido, o militante Arnaldo Cardoso Rocha, que integrava a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Durante a exumação do corpo de Rocha, dois meses atrás, em Minas Gerais, os peritos descobriram o caixão submerso em uma área que ficou inundada durante todo esse tempo. Isso levou à conservação de tecidos do cérebro e de outras partes do corpo da vítima, o que permitiu que fossem tiradas conclusões mais precisas.

O resultado do laudo contestou a versão oficial dos militares, de que Arnaldo Rocha tinha morrido em confronto com a polícia depois de ter reagido fortemente. Segundo o estudo feito pelos peritos, o militante apresentou lesões ósseas só observadas em pessoas que sofreram forte impacto e foram torturadas e os indícios mostram que ele estaria suspenso, imobilizado e com o corpo pendurado em algum local, no momento em que recebeu os tiros.
‘Sem desculpas’

“Eu gostaria de pedir desculpas à família de Arnaldo Rocha pelo Estado, mas não vou fazer isso. Acho que desculpas só não bastam. O Estado deve não só reparar simbolicamente, mas ser mais contundente nessa reparação. Ainda que eu acredite que devemos abaixar a cabeça diante dos mortos e desaparecidos, acho pouco pedir perdão. Não se pode matar e pedir perdão. Ainda precisamos concluir essas histórias e o Estado não merece, ainda, perdão nos dias atuais”, enfatizou a ministra.

Segundo a esposa do militante, Iara Rocha, que recebeu o laudo oficialmente no meio da palestra, o resultado faz parte da luta que sua família trava há 40 anos. Ela disse, ainda, que apesar de estar expondo a história do marido, acha importante contá-la, como forma de estimular outras famílias que possuem casos semelhantes de pessoas desaparecidas a pressionarem para que seja descoberta a verdade e, até mesmo, para contestar versões oficiais.

“Encontramos apoio no Ministério Público, na Comissão da Verdade, e está em andamento uma investigação criminal para responsabilizar os agentes responsáveis pelo crime. Nossa atitude aqui ainda é extremamente dolorosa, mas não podemos nos calar. Precisamos seguir até o fim”, destacou, em meio a aplausos.

O deputado Nilmário Miranda (PT-MG), criador da comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e primeiro titular da secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, lembrou que quando a Lei da Anistia foi aprovada, em 1979, o Congresso contava com vários senadores biônicos e a legislação terminou garantindo a impunidade aos torturadores, ao ponto de o então senador Teotônio Vilela dizer que, por conta dessa lei “a ditadura serviu-se da anistia”. “Criaram a ficção de que houve um pacto nacional para aprovar essa anistia, mas isso não existiu. Foi um suposto pacto que se deu num tempo em que vivíamos sob o paradigma da impunidade e do esquecimento. Hoje vivemos diante de um novo paradigma, o da reparação e da memória”, afirmou.

De acordo com o juiz Baltasar Garzón, em países que passaram por ditaduras tem sido comum, quando se tem um processo de transição de um sistema repressivo para um sistema democrático, como no Brasil, muitas vezes essa fase resultar em impunidade. Responsável por acusações e prisões contra torturadores em Argentina, Chile e Espanha, ele alertou que a sociedade precisa reagir. “Para que possamos olhar o futuro, nos falta um elemento universal que é resolver o passado”, frisou.
Compromisso e luta

Estela Carlotto, uma das criadoras do grupo de Mães da Praça de Maio, na Argentina, aproveitou para contar sua própria vida e a luta para descobrir detalhes sobre o desaparecimento da filha, Laura, militante política universitária, que teve um filho quando presa. “Meu neto tem hoje 35 anos e não tenho notícias de onde esteja. Acho que temos o compromisso de contar a todos nossas histórias e batalhar para que não se repitam. A busca pela Justiça é um direito pelo qual não podemos deixar de exigir”, enfatizou.

Para o advogado argentino Julián Froidevaux, o fórum organizado pelo governo federal deve servir para mostrar os entendimentos que vêm sendo observados nas cortes internacionais de direitos humanos sobre o tema, de apoio à revisão do passado com punição a agentes de regimes autoritários. “Precisamos compreender que estamos vivendo um processo em que é importante a responsabilização de todos e que esse é um grande passo para a humanidade”, ressaltou.

O representante da Rede Brasil, Memória, Verdade e Justiça, Francisco Celso Calmon, aproveitou para reclamar que, além da impunidade aos responsáveis pelos crimes, existe no Brasil uma demora de aproximadamente cinco anos para reparação de uma vítima da ditadura a partir do momento em que é feito o pedido ao Estado. “O Estado ditatorial jamais merece ser perdoado, mas o Estado democrático de direito pode reparar, sim, os crimes cometidos e ajudar a fazer justiça”, colocou.

Ao final do encontro, documento endossado por mais de 140 entidades pedindo a revisão da Lei da Anistia – incluindo várias comissões da verdade instituídas em estados e municípios brasileiros – foi entregue aos coordenadores do fórum para ser anexado às conclusões do evento e encaminhado ao Congresso Nacional.

Fonte – Rede Brasil Atual

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/12/autoridades-e-especialistas-pedem-revisao-da-lei-da-anistia/

Laudos da CNV e SDH apontam que militante da ALN foi assassinado

 

Rosa Cardoso destacou a necessidade de perícias para se chegar a verdade no caso de Arnaldo Cardoso Rocha (no destaque) Foto: Jady Caffaro / ASCOM - CNV

Rosa Cardoso destacou a necessidade de perícias para se chegar a verdade no caso de Arnaldo Cardoso Rocha (no destaque) Foto: Jady Caffaro / ASCOM – CNV

Trabalho de medicina forense, feito pela SDH, e de peritos criminais da CNV demonstrou que Arnaldo Cardoso Rocha foi alvejado de cima para baixo quando já estava imobilizado após tortura, sem condições de oferecer resistência, como afirmava a ditadura

A Comissão Nacional da Verdade e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República entregaram hoje à família de Arnaldo Cardoso Rocha, em Brasília, laudos que apontam que o militante da ALN foi morto com vários tiros pela ditadura, quando já estava provavelmente imobilizado após torturas.

O laudo da CNV comparou os dados obtidos por médicos forenses a serviço da SDH, que exumaram o corpo de Arnaldo em agosto deste ano (leia matéria sobre a exumação aqui ), com o laudo necroscópico produzido há 40 anos, quando Arnaldo foi morto, e puderam concluir que os responsáveis por sua detenção atiraram para matar, contrariando a falsa versão, disseminada pela ditadura, de que Arnaldo morreu em tiroteio.

O laudo necroscópico do IML de São Paulo, produzido em 1973, não apontou os dois tiros fatais, no crânio, que ceifaram a vida de Arnaldo, muito menos as marcas de torturas, encontradas nos ossos de suas mãos e seus pés, pelos peritos indicados pela SDH e pela CNV. Já quando da exumação, em agosto, os peritos se depararam com imprecisões do laudo, uma vez que no caixão de Arnaldo foram encontrados mais projéteis de arma de fogo que os descritos no laudo de 40 anos atrás.

A revelação foi apresentada hoje de manhã, em Brasília, no segundo dia do Fórum Mundial de Fórum Mundial dos Direitos Humanos – FMDH , antes do debate sobre Justiça de Transição que contou com as participações da integrante da CNV Rosa Cardoso e do juiz espanhol Baltasar Garzón.

Rosa Cardoso ressaltou o esmero técnico em busca da verdade: “Foram várias diligências: uma exumação e dois laudos periciais para definir a verdade de um caso. Um laudo de medicina legal, da SDH, e nosso laudo, em que comparamos o laudo anterior, da mentira, para elaborar um novo laudo, mostrando que Arnaldo foi executado da forma mais cruel e mais vil”, afirmou.

A ministra Maria do Rosário, da SDH, disse que o Estado brasileiro ainda não pode pedir perdão pelos crimes cometidos na ditadura: “Só podemos ser perdoados como Estado quando repararmos totalmente essa História, não peço perdão por que acho que ainda não o merecemos”.

Rosa ressaltou ainda que não se chegaria a lugar nenhum na investigação em busca da verdade sem o interesse e a busca incessante das famílias de mortos e desaparecidos políticos. Segundo Iara Xavier Pereira, viúva de Arnaldo Cardoso Rocha, as famílias não são movidas por vingança: “Não é sentimento de revanche ou de vingança. Queremos o esclarecimento das circunstâncias e a autoria”, afirmou. Iara agradeceu todos os organismos envolvidos na apuração do caso de Arnaldo e fez um agradecimento especial aos peritos e ao procurador da República Sergio Suiama, autor da requisição da exumação.

Em entrevista logo após a apresentação do laudo produzido pela CNV, o perito criminal Celso Nenevê afirmou que Arnaldo foi atingido por pelo menos 15 disparos. “Uma pessoa que não tinha condição de se movimentar, de reagir, eu vou acreditar que isso é troca de tiro, que é confronto com o policial?”, indagou.

FÓRUM MUNDIAL – Após a entrega do laudo sobre o caso de Arnaldo Cardoso Rocha, Rosa Cardoso participou de um debate mediado pelo deputado federal Nilmário Miranda sobre Justiça de Transição. Segundo Rosa, o relatório final da Comissão Nacional da Verdade tem que ser claro ao apontar os autores de violações de direitos humanos: “Temos que estabelecer os autores das violações de DH e, claramente, as cadeias de comando”, afirmou. “Uma das faces da verdade é a Justiça e ela tem que ser feita ao lado da verdade”, concluiu a integrante da CNV.

Fonte- Comissão Nacional da Verdade

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/12/laudos-da-cnv-e-sdh-apontam-que-militante-da-aln-foi-assassinado/

Mais três testemunhas confirmam participação de Ustra em sequestro

Mais três testemunhas ouvidas na terça-feira (10) pela Justiça Federal confirmaram a participação do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra no sequestro de Edgar de Aquino Duarte, ocorrido em 1973, durante a ditadura militar (1964-1985). Duarte continua desaparecido até hoje.

Edgar Aquino Duarte foi sequestrado em 1973 e nunca mais apareceu.

Edgar Aquino Duarte foi sequestrado em 1973 e nunca mais apareceu.

Ação penal proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) acusa o coronel reformado e os delegados de polícia Alcides Singillo e Carlos Alberto Augusto pelo sequestro qualificado de Duarte. Ustra comandou o Destacamento de Operações de Informações–Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974.

Assim como as testemunhas ouvidas ontem, os ex-presos políticos Ivan Seixas, Lenira Machado e César Augusto Teles disseram hoje que Ustra tinha conhecimento da prisão ilegal de Edgar. Eles falaram na presença de dois dos três acusados. Ustra não compareceu novamente, e foi declarado réu revel, ou seja, por não mostrar interesse em participar do julgamento, a Justiça decidiu que o processo vai seguir à sua revelia.

Uma das testemunhas, Ivan Seixas, além de reconhecer a participação de Ustra, também confirmou que o delegado Carlos Alberto Augusto – conhecido, segundo o MPF, como Carlinhos Metralha – participou do sequestro de Edgar. “Ustra não participou da prisão, mas manteve ele [Edgar] escondido no DOI-Codi, durante alguns meses. E o Metralha participa da prisão e da manutenção dele lá. Eu acredito que tenha participado talvez até do desaparecimento”, disse Ivan Seixas, após dar seu depoimento.

Segundo o MPF, Duarte ficou preso ilegalmente nas dependências do DOI-Codi e, depois, no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Dops-SP) até meados de 1973. Ele era amigo de José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, que tinha acabado de retornar de Cuba e com quem passou a dividir um apartamento no centro de São Paulo. A tese do Ministério Público é que Duarte foi sequestrado pelos agentes da ditadura porque conhecia a verdadeira identidade de Cabo Anselmo, que passara a atuar como informante dos órgãos de repressão.

“As testemunhas começam a delimitar melhor as autorias. Quanto ao Ustra, ficou bastante claro que ele era o responsável pelo DOI-Codi, tinha domínio de todos os fatos que aconteciam, das pessoas que estavam sendo torturadas, desaparecidas. E também as testemunhas começaram a delimitar a participação dos outros acusados. Uma das testemunhas apontou Carlos Alberto Augusto, conhecido como Carlinhos Metralha, como uma das pessoas responsáveis pela prisão do Edgar”, disse o procurador da República, Andrey Borges de Mendonça, um dos autores da ação.

A tese do Ministério Público Federal no processo penal é a de que Duarte foi sequestrado e permanece desaparecido, caracterizando que o crime não prescreveu e não está protegido pela Lei de Anistia. Para o MPF, enquanto não se souber o paradeiro da vítima e o corpo não for encontrado, o crime de sequestro perdura pelo tempo. A Lei de Anistia não se aplica ao caso porque o crime teria continuado a ser cometido após a aprovação da lei, em 1979.

Amanhã serão ouvidas as últimas testemunhas de acusação: Maria Amélia de Almeida Teles e Virgílio Egydio Lopes Enei. Em seguida, ainda sem data definida, serão ouvidas testemunhas de defesa. Os advogados dos acusados arrolaram, entre outros, Paulo Maluf e o vice-presidente Michel Temer.

Essa é a primeira ação penal aceita pela Justiça em que agentes do Estado estão sendo acusados de crimes. Eles poderão ser responsabilizados criminalmente, e não apenas civilmente, como já ocorreu em junho do ano passado com Ustra, condenado em primeira instância a pagar indenização de R$ 100 mil pelas torturas que mataram o jornalista Luiz Eduardo Merlino em 1971, durante a ditadura militar.

Fonte- Agência Brasil

Link permanente para este artigo: https://forumverdade.ufpr.br/blog/2013/12/11/mais-tres-testemunhas-confirmam-participacao-de-ustra-em-sequestro/

Carregar mais