Comissão Estadual da Verdade ouve depoimentos em Umuarama

verdadeumuaramaCriada com a finalidade de apurar as violações aos direitos humanos ocorridos durante a ditadura militar brasileira a partir do depoimento de pessoas que receberam sansões e até mesmo foram torturadas pelo Estado durante o período, a Comissão Nacional da Verdade (CNV), estabeleceu parcerias formais com comissões da verdade criadas tanto no âmbito do Legislativo ou do Executivo de cada estado da federação. E no Paraná a r e p r e s s ã o sistematicamente praticada pelo regime ditatorial-militar está sendo investigada pela Comissão Estadual da Verdade “Teresa Urban”, vinculada à Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná.

Ontem (9), Umuarama foi o quinto município do Paraná a receber uma audiência pública da comissão, que veio até o município ouvir o depoimento do advogado Wagner Brussolo Pacheco, que reside em Umuarama desde 1961 e foi detido duas vezes, em 1965 e 1966, em função de suas atividades de oposição ao regime. “Estamos fazendo através das comissões a reconstituição histórica da ditadura, por que não temos mais condições de realizar essa reconstituição de forma escrita, já que todos os registros secretos da época foram já falseados, extintos ou jogados fora”, disse o advogado.

Também foram ouvidos o bancário aposentado Osni Miguel Santana, que alega ter sido perseguido de 1978 a 1980, quando era editor e redator de jornais de Umuarama, e o médico José Alcindo Gil. Residindo em Umuarama desde 1969, quando veio de Santos (SP), o médico foi uma das pessoas responsáveis pela sustentação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, durante sua clandestinidade na cidade vizinha de Cruzeiro do Oeste, de 1975 a 1979.

E mesmo tendo nascido quase no fim do regime autoritário, os membros da comissão optaram por ouvir também o depoimento do deputado federal Zeca Dirceu (PT). O parlamentar é fruto de um relacionamento do ex-ministro durante o seu refúgio em Cruzeiro do Oeste. Para a comissão, mesmo sendo na época menor, o hoje deputado pode contribuir com informações sobre a perseguição ao seu pai.

INICIATIVA

A audiência aconteceu no plenário da Câmara Municipal e foi sugerida pelo Sindicato dos Bancários de Umuarama, Assis Chateaubriand e Região, e Central Única dos Trabalhados (CUT). Segundo Márcio Kieller, vice-presidente da CUT Paraná, a audiência além de dar a oportunidade para ouvir o testemunho de pessoas que se envolveram diretamente no combate à repressão, serviu para marcar os 50 anos do golpe militar no Brasil.

“Essa audiência nos dará subsídios para os relatórios da comissão estadual da verdade e para o texto final da comissão nacional. E esse texto apontará as recomendações à presidente Dilma Rousseff no sentido de que sejam alteradas leis, a revisão de nomes de ditadores, a questão da educação na perspectiva histórica”, disse Kieller, que também é membro da comissão estadual da verdade.

Fonte -Tribuna Hoje

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