O prédio amarelo e marrom de arquitetura eclética, que por 72 anos abrigou o Tribunal da Justiça Militar, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, zona sul de São Paulo, vai receber o Memorial dos Advogados de Presos Políticos e contra a Censura, além de funcionar como sede das Comissões Nacional e Estadual da Verdade.
Durante a Ditadura Militar, no local foram julgados o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual, Dilma Rousseff, além de ser palco de inúmeros episódios da história política brasileira. Há dois anos, o imóvel, que pertence à União, aguardava a definição de seu destino. Os moradores da Bela Vista pediam para que ele fosse transformado em uma Companhia da Polícia Militar. A Superintendência do Patrimônio da União chegou a oferecê-lo para a Guarda Civil Metropolitana.
No fim de fevereiro, o prédio chegou a ser invadido por movimentos sociais que cobravam uma definição sobre o destino do edifício. “Tivemos na sexta-feira uma reunião com o prefeito Fernando Haddad, que liberou o imóvel para ser cedido à Comissão da Verdade”, disse a superintendente do Patrimônio da União em São Paulo, Ana Lucia dos Anjos.
O deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão Estadual da Verdade, comemorou a decisão. “Agora só falta o prédio do DOI-Codi”, disse, em referência aos fundos do 36.° Distrito Policial, no Paraíso, zona sul, um dos centros da tortura durante a ditadura militar. A Comissão da Verdade também quer transformar o prédio em um museu, como já aconteceu com a antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), próximo da Estação da Luz, no centro.
Absurdo. Quem não gostou da decisão foram os moradores da região que brigavam para ter uma base da Polícia Militar atuando na área. Eles afirmam que há muitos furtos e roubos na região, por causa da grande quantidade de universidades nos arredores. Os estudantes são muito visados. “A comunidade queria a base da PM para aumentar a segurança do bairro”, afirma o vice-presidente do Conseg, Flávio Guarniero.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Marcos da Costa, afirma que o memorial será fundamental para contar a história da luta pelos direitos. “Ainda estamos discutindo como montaremos o memorial, mas mostraremos fatos que ajudam a saber mais sobre a cidadania no Brasil.”
Fonte- O Estado de S. Paulo
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