Documentos confidenciais do Centro de Inteligência do Exército consultados por ISTOÉ mostram Gilberto Telmo como um colaborador eficiente. Ele fazia parte da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização criada por Carlos Marighella, quando foi preso em janeiro de 1972 com um revólver 38 na cintura e identidade falsa. Um mês depois, prestava depoimento no DOI-Codi delatando nada menos de 192 pessoas. “Ele é o Cabo Anselmo da ALN”, acusa a auditora fiscal aposentada Maria do Carmo Serra Azul, uma das dezenas de militantes presas graças ao dedo indicador de Gilberto Telmo. “Ele não foi um militante que fraquejou sob tortura”, diz Maria do Carmo. “Foi um colaborador que passou para o outro lado.” Ela tinha 20 anos e era conhecida como Cacau quando foi presa em Fortaleza e entregue ao grupo de tortura comandado pelo delegado Fleury. Maria do Carmo conta que nas instalações da 10ª Região Militar, numa das sessões de afogamento, Fleury mandou que lhe tirassem o capuz. Foi chamado, então, Gilberto Telmo, que tentou convencê-la a colaborar com os militares. Dias depois, outro torturador, Otávio Gonçalves Jr., chefe do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), teria confirmado para Maria do Carmo que Gilberto Telmo era o “delator convidado deles”.
O atual secretário de Desenvolvimento Agrário de Tabuleiro do Norte (CE), Jerônimo de Oliveira, também ex-militante da ALN, confirma as acusações de Maria do Carmo. “Este sujeito contava tudo, não exatamente sob tortura”, diz ele. Gilberto Telmo hoje é um professor aposentado e contesta os velhos companheiros. “Passei mais de um mês no DOI-Codi submetido à tortura física e psicológica”, alega. Ele diz que pretende doar o dinheiro que cobra da União ao Movimento Tortura Nunca Mais.
Fonte – Revista Istoé
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