V.9/2015: População marginalizada no centro da repressão (leia aqui)
Fonte:
ISER – Instituto de Estudos da Religião
Re-vista Verdade, Memória e Justiça
EDITORIAL
POPULAÇÃO MARGINALIZADA NO CENTRO DA REPRESSÃO: VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS AOS CAMPONESES, INDÍGENAS, HOMOSSEXUAIS, TRABALHADORES E POPULAÇÃO DE FAVELA NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA.
É com muita satisfação que o ISER anuncia a publicação da 9ª edição da “Verdade, Justiça e Memória Re-vista”. Desde a última edição ( V.8/2014 – Justiça de Transição, Direitos Humanos e Contracultura), a Re-vista alterou seu formato, que antes recebia textos e resenhas de convidados, para a chamada de artigos, ampliando as formas de participação ao público interessado.
O ISER percebeu que depois de 7 edições construídas por atores que considerávamos importantes no campo MVJ, a publicação já havia tomado a forma que desejávamos, se consolidando como um material informativo que pretendeu dar visibilidade às diferentes opiniões, reflexões e concepções políticas formuladas nesta área, tanto no que se refere à perspectiva institucional do poder público, quanto às perspectivas críticas construídas durante o processo político da Comissão Nacional da Verdade.
Como pontapé inicial deste novo formato, decidimos por não delimitar as edições a eixos temáticos, isto é, as chamadas são feitas de maneira ampla, visando abarcar diferentes temas dentro da perspectiva da memória, verdade e justiça.
Nesta última chamada, entretanto, nos surpreendemos não só com o número de artigos recebidos, mas também com os temas que se complementaram de maneira bastante reveladora por tratarem de segmentos da sociedade (como camponeses, população de favelas, homossexuais, trabalhadores e população indígena), que apesar de sofrerem violações de maneira sistemática durante a ditadura militar de 1964-1985 (e mesmo antes e depois disso), em geral, não figuram como as “principais vítimas” deste período – inclusive por comissões do Estado, como a CNV.
Publicizar estes textos é, para nós, fazer parte da desconstrução da ideia, bastante perversa e nada realista, de que a ditadura militar brasileira foi um embate entre militantes políticos e agentes do Estado. É lembrar e ressaltar que a população “comum” e já bastante marginalizada também sofreu graves violações de direitos humanos no período; e que, por isso, a atenção sobre estes fatos devem estar no centro de qualquer investigação para o descobrimento da verdade, para a construção da memória e para a realização da justiça.
Desta forma, 5 artigos compõem esta edição. São eles:
– “Violações de Direitos Humanos contra Camponeses nas Comissões da Verdade”, de Fabrício Teló, Iby Montenegro de Silva e Marco Antonio Teixeira.
– “No Tempo da Guerra: algumas notas sobre as violações dos direitos dos Povos Indígenas e os limites da Justiça de Transição no Brasil”, de Orlando Calheiros.
– “As Favelas como alvos prioritários da ditadura e a ausência do tema no relatório final da Comissão Nacional”, de Lucas Pedretti.
– “Ditadura e Homossexualidades: conexões, visibilidades e desafios”, de Natanael de Freitas Silva.
-“O caráter de classe da ditadura e a invisibilidade dos trabalhadores”, de Alejandra Estevez, San Romanelli Assumpção e Vítor Guimarães.
Agradecemos e saudamos a participação e os excelentes textos destes autores e autoras e esperamos que esta edição contribua para a reflexão a respeito deste importante debate.
“A tradição dos oprimidos nos ensina que o estado de exceção em que vivemos é na verdade a regra geral. Precisamos construir um conceito de história que corresponda a essa verdade”. Walter Benjamin, teses “Sobre o conceito de História”.
Equipe do ISER
Rio de janeiro, março de 2014.
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