Ex-guerrilheiros falam à CNV

A Comissão Nacional da Verdade ouviu na quinta-feira,14, dois ex-militantes que foram presos e torturados, a parente de um desaparecido e uma advogada que falou sobre as implicações da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que, em 2010, segundo a qual graves violações aos direitos humanos não podem ser anistiadas.

NacionalQuatro militares acusados de participar de crimes como prisões ilegais, tortura, assassinato e ocultação de cadáver foram convocados a prestar depoimentos, entre eles Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió.

Nenhum dos quatro compareceu à audiência pública, aberta à imprensa e a outros interessados. Considerado um dos episódios mais violentos registrados durante o último período de ditadura militar (1964-1985), o combate aos integrantes do PCdoB que aderiram à guerrilha armada e lutaram contra o regime resultou, segundo a comissão, no desaparecimento de 70 militantes e moradores da região e na morte de oito militares em circunstâncias nem sempre devidamente esclarecidas.

Cerca de 10 mil militares atuaram em três campanhas e operações de inteligência deflagradas a partir de abril de 1972, seis anos após a chegada dos primeiros militantes à região.

“Não tínhamos mais alternativa de resistência ao regime. Por isso, fomos à luta armada”, disse Danilo Carneiro, preso em abril de 1972 e vítima de torturas e maus-tratos que o levaram a pesar 38 quilos, ao ser transferido de Belém para Brasília, onde continuou a ser agredido e interrogado. “Foi quando me avisaram que, a partir dali, eu iria conversar com quem de fato sabia conversar. Havia 20 torturadores na cela. Me arrebentaram. Encapuzado, eu engolia sangue e desmaiava. Eu só tinha um desejo: morrer, pois não tinha outra saída”, lembrou Carneiro.

Cobrança de Dallari

Coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o advogado Pedro Dallari voltou a criticar a resistência dos comandos militares em cooperar com a comissão. “Se as Forças Armadas tivessem mais disposição de colaborar com os trabalhos da comissão, poderíamos avançar muito mais”, disse.

Fonte- Comissão Nacional da Verdade

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