A derrubada do busto do ex-reitor da UFPR e ex-ministro da Educação do regime militar Flávio Suplicy de Lacerda, no dia 1 de abril, quando se completaram 50 anos do golpe civil-militar que instaurou uma ditadura sanguinária no Brasil, insere-se no contexto do movimento de revisão da história oficial, de recuperação da verdade e da memória e de estabelecimento da justiça. Data marcada por extensas manifestações país afora, organizadas pelos movimento sociais e organizações políticas.
É a segunda vez que o busto de Suplicy é derrubado e arrastado pelas ruas de Curitiba. A primeira foi em maio de 1968. Porque Suplicy não era um qualquer. Foi o protagonista principal do acordo MEC-Usaid, que objetivava a instalação do ensino pago no país, e o promotor do sufocamento das entidades estudantis, através da lei Suplicy n° 4.464, de 9 de novembro de 1964. Chegou a ministro como homem de absoluta confiança dos generais ditadores. Por isso, tem todas as credenciais para merecer o repúdio dos estudantes e de todos os que têm a democracia como valor e não como mero discurso retórico.
O Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça manifesta sua irrestrita solidariedade aos jovens que promoveram a segunda derrubada do odiado busto, iniciativa organizada pelos jovens mobilizados pelo Levante Popular da Juventude. Entendemos que os símbolos da ditadura devem ser, para sempre, banidos e exilados para museus e memoriais, para que nunca se esqueça a tragédia que acarretaram para o Brasil e para os brasileiros.
O episódio da derrubada do busto provocou uma reação equivocada da Reitoria da UFPR, que divulgou uma nota oficial condenando o ato.
Reiteramos a importância do apoio e participação da UFPR às iniciativas e ao trabalho desenvolvidos pelo Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça.
Ao mesmo tempo apoiamos o prosseguimento do diálogo como via para a solução do impasse criado em torno da destinação do busto de Flávio Suplicy de Lacerda.
O diálogo iniciado aponta no sentido do resgate da verdade, memória e justiça, conforme explicitada em reunião ocorrida na data de hoje entre a Comissão da Verdade da UFPR, designada pelo reitor como interlocutores, com o Fórum Paranaense e os estudantes.
Por verdade memória e justiça. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!
Curitiba, 07 de abril de 2014.
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