A missão preparatória para a exumação do ex-presidente João Goulart esteve nesta quarta-feira, na cidade de São Borja a cerca de 600 quilômetros de Porto Alegre (RS), para apresentar à população e às autoridades locais os detalhes técnicos da investigação que será feita para apurar se Goulart foi assassinado no exílio. Foi acordado que a comunidade participará do processo, e foi garantido que os restos mortais retornam à cidade após a perícia em Brasília.
Os integrantes da missão foram recebidos pelo prefeito de São Borja, Farelo Almeida, vereadores e comunidade, e esclareceram dúvidas sobre como será feito o trabalho de exumação. Os moradores apoiaram a investigação, mas pediram que os restos mortais voltassem para a cidade natal do ex-presidente.
Ficou esclarecido que após a análise em Brasília, os restos mortais de Goulart voltam para a cidade, além disso uma comissão municipal participará do processo, inclusive durante a reunião pericial em Brasília, no dia 17 de setembro.
Será realizada ainda uma audiência pública na cidade para esclarecimentos sobre as circunstâncias da morte de Goulart, e será assinado um termo de compromisso para o retorno dos restos mortais.
Durante a tarde, peritos da Polícia Federal farão trabalhos preparatórios para a exumação no cemitério Jardim da Paz. A verificação é necessária para resolver questões de logística e segurança do jazigo até a exumação. A prefeitura já havia solicitado apoio do Exército para guardar o túmulo.
A missão que visitou a cidade é composta por integrantes da Comissão Nacional da Verdade, da Presidência da República, da Polícia Federal e da família do ex-presidente. As suspeitas são de que Goulart tenha sido monitorado e morto pela Operação Condor, da qual faziam parte as diferentes ditaduras latinas, para eliminar adversários dos regimes.
São Borja é conhecida como a terra dos presidentes, pois foi onde nasceram os ex-presidentes da República Getúlio Vargas e João Goulart. Na cidade, além de Vargas e Goulart, também está sepultado Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, líder da campanha da legalidade, que permitiu que Jango assumisse o poder em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros. Na cidade funciona o museu Casa João Goulart. A prefeitura chama-se Palácio Presidente João Goulart.
Fonte- Terra
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