Caravana da Anistia: homenagens a ex-presos políticos

Na sessão de abertura da Caranava da Anistia, que acontecerá na sede da OAB-PR, em Curitiba, na sexta-feira,16, haverá homenagens póstumas a ex-presos políticos e seus  familiares, além de homenagem ao ex-prefeito de Curitiba, Maurício Fruet, e ao ex-governador, José Richa, que lutaram pela redemocratização do país.

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A jornalista Teresa Urban será uma das homenageadas. Ela militou contra a ditadura militar, tendo sido presa três vezes e torturada.

Veja alguns dos nomes que serão homenageados:

1. ALDO FERNANDES

Juiz de Direito, preso por duas ocasiões durante o período da ditadura militar, foi severamente prejudicado na sua vida profissional devido as suas posições ideológicas divergentes ao regime . Teve seus direitos políticos cassados, nos primeiros dias do novo regime, e foi aposentado compulsoriamente nos meses seguintes.

2. AMILCAR GIGANTE

Professor Adjunto de clínica médica e diretor do Hospital das Clínicas da UFPR. Pelo seu envolvimento em atividades políticas, foi proibido de lecionar em 1969, em função do Ato Institucional n° 5. Com a anistia, em 1979, voltou à docência, na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). A sua experiência de taquígrafo da Assembleia Legislativa do Paraná, profissão através da qual custeou os seus próprios estudos médicos, lhe ensinara que o homem pode mudar, sim, o seu destino. E Amílcar agigantou-se contra o seu destino de perseguido político, ressurgindo brilhantemente em muitas de suas horas históricas, quer como médico, quer como professor, quer como autor de livros, quer como Magnífico Reitor da Universidade Federal de Pelotas.

3. ANIBAL ABBATE SOLEY

Veio para Foz do Iguaçu em 1959 como exilado político do país vizinho, devido à ditadura do general Alfredo Stroessner.Numa operação relâmpago a repressão da ditadura civil-militar sequestrou em dezembro de 1974, Aníbal Abbatte Soley, Rodolfo Mongelos, Cesar Cabral e Alejandro Stumpfs. Os empresários paraguaios foram conduzidos até um sítio em Goiás, onde foram barbaramente torturados.  A operação  foi executada pelo Centro de Informações do Exército envolvendo cerca de 20 homens fortemente armados e seis veículos de modelos diferentes

4. ANTONIO DOS TREIS REIS DE OLIVEIRA

Militante da Ação Libertadora Nacional, foi estudante de Ciências Econômicas na Faculdade de Apucarana, no Paraná. Junto com José Idésio Brianesi, também assassinado pela ditadura, produzia programas para a rádio local. Foi indiciado por sua participação no Congresso da União Nacional de Estudantes (UNE). Segundo denúncia dos presos políticos de São Paulo, em documento datado de março de 1976, Antônio foi metralhado, juntamente com Alceri Maria Gomes da Silva no dia 10 de maio de 1970, em sua residência, no Tatuapé, São Paulo, por agentes da Operação Bandeirantes (OBAN), chefiada pelo Capitão Maurício Lopes de Lima.

 

5. DANIEL CARVALHO

Irmão de Joel José de Carvalho. Também foi preso político, trocado pelo embaixador suíço.Ligando-se à VPR, Daniel e seu irmão Joel vão para a Argentina e tentam entrar clandestinamente no Brasil pela fronteira sul, no dia 11 de julho de 1974, juntamente com quatro outros camaradas da VPR: o sapateiro José Lavechia (55 anos); o argentino Enrique Ernesto Ruggia, estudante de Veterinária em Buenos Aires (18 anos); Onofre Pinto, ex-sargento do Exército brasileiro (37 anos); e Vitor Carlos Ramos, escultor (30 anos). Tratava-se no entanto de uma armadilha preparada por “cachorros” (militantes que haviam passado a trabalhar para a repressão).Tinha 28 anos quando foi morto na chacina do Parque Nacional do Iguaçu.

 

6. ENRIQUE ERNESTO RUGGIA

Com 18 anos, argentino estudante de Veterinária em Buenos Aires era o mais novo do grupo assassinado na Estrada do Colono junto com os irmãos Daniel e Joel  Carvalho, o sapateiro José Lavechia (55 anos); Onofre Pinto, ex-sargento do Exército brasileiro (37 anos); e Vitor Carlos Ramos, escultor (30 anos). Tentam entrar clandestinamente no Brasil pela fronteira sul, no dia 11 de julho de 1974. Tratava-se no entanto de uma armadilha preparada por “cachorros” (militantes que haviam passado a trabalhar para a repressão).

 

7.  ILDEU MANSO VIEIRA

Um dos líderes do PCB no Paraná,  escreveu dois livros sobre seu período na prisão. Seu filho, Ildeu Manso Vieira Júnior,  foi obrigado a presenciar as sevícias sofridas pelo pai, conforme este relatou na Auditoria Militar, em 1975.

 

8. JOAQUIM PIRES CERVEIRA

Foi preso em 1965 e encaminhado à 5ª Região Militar e entregue ao Coronel Fragomini. Em 29 de maio de 1967 foi absolvido pelo Conselho Especial de Justiça da 5ª Auditoria, da denúncia do processo 324, por crime de subversão. Foi preso novamente, em 1970, com sua mulher e o filho, que foram torturados no DOI-CODI/RJ.
Banido do país em junho de 1970, quando do sequestro do embaixador da Alemanha no Brasil, viajando para a Argélia com outros 39 presos políticos. Preso em Buenos Aires em 11 de dezembro de 1973, juntamente com João Batista Rita, por policiais brasileiros, provavelmente comandados pelo delegado Sérgio Fleury.

Ambos foram vistos por alguns presos políticos no DOI-CODI-RJ quando chegavam trazidos por uma ambulância. Estavam amarrados juntos, em posição fetal, tendo os rostos inchados, esburacados e repletos de sangue na cabeça. O arquivo do DOPS/PR, o nome do major Cerveira foi encontrado numa gaveta com a identificação “falecidos”.

 

9.  JOEL JOSÉ DE CARVALHO

Iniciou sua militância política no Partido Comunista Brasileiro. Depois do golpe militar de 1964, passou a atuar no PC do B. Integrou a Ala Vermelha, o Movimento Revolucionário Tiradentes e a VPR. Foi um dos 70 presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Bucher, sequestrado pela VPR em 1971.

Ligando-se à VPR, Joel e seu irmão Daniel vão para a Argentina e tentam entrar clandestinamente no Brasil pela fronteira sul, no dia 11 de julho de 1974, juntamente com quatro outros camaradas da VPR: o sapateiro José Lavechia (55 anos); o argentino Enrique Ernesto Ruggia, estudante de Veterinária em Buenos Aires (18 anos); Onofre Pinto, ex-sargento do Exército brasileiro (37 anos); e Vitor Carlos Ramos, escultor (30 anos). Tratava-se no entanto de uma armadilha preparada por “cachorros” (militantes que haviam passado a trabalhar para a repressão).Morreu aos 26 anos, na chacina do Parque Nacional de Iguaçu.

 

10. JOSÉ IDÉSIO BRIANEZI

Estudante da Escola Técnica de Comércio de Apucarana inicia sua militância política na União dos Estudantes de Apucarana (UEA) no ano de 1966. Em 1968, passa a integrar a dissidência do PCB (Partido Comunista Brasileiro) em Apucarana.

Com a invasão e o fechamento da UEA em dezembro de 1968 pelo regime militar, torna-se insustentável a sua permanência na cidade. Muda-se para São Paulo, para se integrar à ALN (Ação Libertadora Nacional), juntamente com Antônio dos Três Reis de Oliveira. Documentos dos órgãos de segurança registram que ele seria um dos subcomandantes do Grupo Tático Armado da ALN, em São Paulo, no início de 1970.

Nesse mesmo ano, foi morto por agentes da Operação Bandeirantes (OBAN). Sua certidão de óbito traz a versão oficial de que faleceu em 13 de março de 1970, na pensão onde morava, no Campo Belo, capital paulista, em tiroteio. Análise pericial dos documentos existentes e de uma foto encontrada no arquivo do DOPS, leva a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos a concluir que José Idésio foi executado sumariamente, tendo levado três tiros de frente para trás, com evidente diferença de nível entre o corpo e os autores dos disparos.

 

11.  JOSÉ LAVÉCHIA

Sapateiro de profissão e comunista, foi membro do PCB. Depois integrou a VPR e participou da guerrilha do Vale da Ribeira, comandada pelo capitão Carlos Lamarca. Foi preso em maio de 1970 e saiu da prisão em troca do embaixador da Alemanha no Brasil. Morreu no massacre da estrada de Medianeira

12. JOSÉ RODRIGUES VIEIRA NETTO 

Da turma de 1932 da Faculdade de Direito da UFPR, alcançou fama de ser o melhor advogado paranaense. Catedrático de Direito Civil da UFPR, cassado por decreto da ditadura militar, aposentado compulsoriamente em 1964, preso pelo Exército e processado.
Eleito Deputado Estadual Constituinte em 1947 pelo Partido Comunista Brasileiro. Seu mandato parlamentar foi cassado em 1948, assim como os demais mandatos parlamentares estaduais e federais dos comunistas, após o PCB ter sua legenda extirpada pelo Tribunal Superior Eleitoral, com apoio do governo federal, em 1947.  Presidiu o Conselho Seccional da OAB-PR nos anos 57/59 e 59/61.A biografia do jurista será lançada no dia 14 de agosto na Semana do Advogado da OAB.

 

13.  JURANDIR RIOS GARÇONI

Nascido em Araraquara, em 1942, São Paulo, foi estudante de Arquitetura, na UFPR, sendo eleito  presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e, nessa condição, liderou os principais movimentos estudantis daquele período, como a invasão do Centro Politécnico, a tomada da Reitoria e passeatas.  Em 1968, foi preso no Congresso da UNE em Ibiúna e teve sua prisão preventiva decretada. Em 1969 foi processado em Curitiba, juntamente com outras lideranças estudantis e, em 1971, foi preso em São Paulo por sua participação na organização de esquerda Política Operária (POLOP). Barbaramente torturado, cortou os pulsos na prisão, em uma tentativa extrema de  resistir às torturas. Em 1984, assumiu o cargo de Curador do Patrimônio da Secretaria de Cultura do Paraná, onde coordenou o processo de tombamento da Serra do Mar. Como resultado de seu trabalho, veio a falecer, em 1985, quando realizava um voo de estudos técnicos sobre a Serra da Mar. O Governo do Estado homenageou Jurandir com um monumento na Estrada da Graciosa, por ocasião da conclusão do tombamento da Serra, alguns meses após sua morte. No monumento, assentado sobre uma base de terra trazida especialmente de Araraquara e misturada com a terra do Paraná, uma placa assinala que “Jurandir escolheu essa terra como sua, aqui viveu, casou, teve seus filhos e aqui lutou”. Foi casado com Cecilia Garçoni e deixou duas filhas, Ines e Isabel Garçoni.

 

 

14. LAUDEMIR TURRA

Morreu em 13 de julho de 2013, em Corbélia, aos 82 anos,  um dos últimos pioneiros do Oeste do Paraná. Membro de uma família que associou seu nome à luta de resistência à ditadura e, mais tarde, à reconstrução democrática. Integrante da organização brizolista Grupo dos Onze, transferiu-se para o Oeste paranaense logo após o golpe militar de 1964. Integrou ali uma geração de pioneiros que ajudou a construir uma das mais prósperas regiões do Brasil.
Em Corbélia, município criado três anos antes de sua chegada à região, Laudemir organizou com os irmãos a Madeireira Turra, que se tornaria uma das maiores da região. Retornou à política, filiado ao MDB. Foi prefeito em 1976 e 1988.

 

15. LUIZ ANDRÉ FÁVERO

Izabel Fávero – professora, e esposo, presos em 1970, em Nova Aurora (PR). Hoje, vive no Recife, onde é docente universitária: “Eu, meu companheiro e os pais dele fomos torturados  a noite toda ali, um na frente do outro. Era muito choque elétrico. Fomos literalmente saqueados. Levaram tudo o que tínhamos: as economias do meu sogro, a roupa de cama e até o meu enxoval. No dia seguinte, eu e meu companheiro fomos torturados pelo capitão Júlio Cerdá Mendes e pelo tenente Mário Expedito Ostrovski. Foi pau de arara, choques elétricos, jogo de empurrar e ameaças de estupro. Eu estava grávida de dois meses, e eles estavam sabendo. No quinto dia, depois de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, eu abortei. Quando melhorei, voltaram a me torturar”.

16. NOEL NASCIMENTO

Filho de Sebastião Nascimento e Maria Claudia Bittencourt de Castro Nascimento. Formou-se em Direito em 1949, na UFPR e foi promotor de justiça em várias cidades do interior do estado. Colaborou durante décadas em jornais e revistas com ensaios, poemas e textos literários. Considerado o maior romancista do sul do país da era pós Érico Veríssimo. Foi atingido pelo Ato Institucional nº 1, preso político em 64 e em 75, retornando ao Ministério Público na vigência da Lei da Anistia. Tomou posse da cadeira 27 da Academia Paranaense de Letras em 1979. Em 1995 ganhou o Concurso Nacional de Romances promovido pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná com “Arcabuzes”.

17.  ONOFRE PINTO

Ano de nascimento e filiação

Era o mais procurado de todos pelo governo militar. Foi um dos fundadores  da VPR  e recrutou o capitão Carlos Lamarca para essa organização. Foi preso pelos militares em março de e 1969 e solto seis meses depois junto com outros 14 presos em troca do embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado em setembro de 1969 pelos guerrilheiros do MR-8. Ao contrário dos demais, não foi assassinado no Parque Nacional do Iguaçu. Acabou morto cerca de dois dias depois, em Foz do Iguaçu. Seu corpo foi desovado pelos militares no Rio São Francisco Falso, em Santa Helena. Tinha 36 anos quando foi morto.

18. RÉGINES PROCHMANN

Militante da Ação Popular (AP) – organização oriunda da esquerda cristã –, Reginis Prochmann foi desligado da UFPR, onde era médico residente, em 1964.

19. RIAD SALAMUNI

Opositor ao regime militar e, por sua luta em defesa da democracia, sofreu inúmeras perseguições, inclusive com a invasão de sua residência para o confisco de sua biblioteca particular. Riad, que era professor e posteriormente reitor – o primeiro eleito – da UFPR, costumava abrigar em sua casa alunos que estavam sendo procurados por serem opositores ao governo militar. Membro do antigo PSB (Partido Socialista Brasileiro), defendia de forma ardorosa idéias nacionalistas, entre as quais podemos citar o apoio dado à campanha “O petróleo é nosso”. Era um intelectual humanista, que questionou sucessivamente o governo militar antidemocrático dos anos de chumbo.

 

20. TEREZA URBAN

Militou na  Polop (Política Operária) contra a ditadura militar, tendo sido presa três vezes e torturada. Na década de setenta, foi mandada para o exílio no Chile.Com o fim do regime militar, a jornalista se dedicou à causa ambiental e trabalhou em diversos veículos, como a revista Veja e o jornal Estado de São Paulo. Tereza escreveu mais de vinte livros. Morreu aos 67 anos de idade, em junho passado, vítima de infarto.

21. VÍCTOR CARLOS RAMOS

Saiu do Brasil e foi para o Uruguai ao ter sua prisão preventiva decretada pelo Tribunal Militar. Logo após, foi para o Chile. Em 1974 ingressou no grupo de Onofre Pinto e retornou clandestinamente ao Brasil, sendo logo assassinado no Parque Nacional do Iguaçu com 30 anos de idade.

 

22. WALFRIDO SOARES DE OLIVEIRA

Walfrido Soares de Oliveira e os irmãos Arpad e Dário Printz figuravam entreos primeiros e principais dirigentes das atividades comunistas no Paraná na década de1930. Eram funcionários da RVPSC (Rede Viária Paraná-Santa Catarina) e atuaram,certamente, por mais de uma década no Partido Comunista. Na segunda metade dadécada de 1940, mais precisamente em 1945, eles eram referências na DireçãoEstadual, sendo que Oliveira assumiu a direção estadual e Printz, a direção do Partidona capital.

 

23. OTTO BRACARENSE

Foi dirigente do Sindicado dos Bancários de Curitiba e Presidente da Federação dos Bancários do Paraná no final da década de 50 e inicio da década de 60. Em 1964, por ocasião do golpe militar, era Delegado do IAPB (Instituto de Aposentadoria e Previdência dos Bancários) no Paraná. Foi preso em 1964 no antigo presídio do AHÚ e em 1968, no antigo Quartel do Exército na Praça Rui Barbosa. Pertencia ao quadro dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi um dos principais articuladores da Campanha Diretas Já.

 

24. WALTER ALBERTO PÉCOITS

Médico, natural de Erechim, Rio Grande do Sul, foi uma das mais importantes figuras políticas do sudoeste do Paraná, tendo participado ativamente na acirrada luta entre posseiros, companhias de terras e os governos estadual e federal, ocorrida em 1957 no governo de Moisés Lupion. Conhecido como Revolta dos Posseiros, o conflito envolveu milhares de colonos e foi o principal marco histórico da região sudoeste de Paraná, sendo considerada por muitos historiadores como o único levante agrário armado vitorioso na história do Brasil. Por sua defesa dos colonos, Dr. Walter foi preso, tendo perdido um olho pelas torturas que sofreu.

Sua carreira política começou sua cidade Natal, como vereador. Mudando-se para Francisco Beltrão, na década de 1950, foi eleito vereador, prefeito e deputado estadual. Em 1964, foi cassado pelo Regime Militar, perdendo seus direitos políticos por 10 anos. No governo de José Richa, foi secretário estadual de Reforma Agrária, e, mais tarde, secretário municipal de Saúde de Francisco Beltrão.

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