A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse na segunda-feira (21) que sua pasta está disposta a colaborar nas investigações sobre o sequestro ocorrido no Rio de Janeiro, em 1980, do cidadão ítalo-argentino Domingo Campiglia, no marco do Plano Condor, que coordenou a repressão das ditaduras sul-americanas. “A Comissão da Verdade tem atribuições para investigar entre 1946 e 1988, então esse caso está dentro do espaço temporal da Comissão”, disse a ministra durante encontro com jornalistas estrangeiros.
Campiglia e Monica Binstock, cidadã argentina, foram sequestrados em março de 1980, no aeroporto do Rio de Janeiro, e levados para um campo de concentração argentino e desde então continuam desaparecidos. “O caso do ítalo-argentino foi reconhecido pela Comissão de Desaparecidos (criada em 1995) e já é um caso significativo para o Brasil”, acrescentou Rosário. Ela enfatizou ainda que o “Brasil participa do esforço dos países do Mercosul no âmbito dos direitos humanos, para uma cooperação no resgate da memória e da verdade relativas ao Plano Condor”.
Segundo ela, o governo brasileiro já começou a trabalhar no esclarecimento de crimes cometidos coordenadamente pelos aparatos repressivos sulamericanos na década de 70. Os canais de intercâmbio de informações, garantiu, estão permanentemente abertos com todos os países da região. O Brasil já tem um acordo de cooperação com o Paraguai para a localização de cidadãos paraguaios que teriam sido executadas em território brasileiro, no marco do Plano Condor.
Por outro lado, Maria do Rosário disse que prefere não comentar muito sobre os trabalhos da Comissão da Verdade, porque está “é uma instituição do Estado e não do governo”. “Quem fala sobre as prioridades da Comissão são os sete membros da mesma….por isso não quero pronunciar-me sobre isso, pois seria utilizar um espaço que não me pertence”. A ministra fez essa declaração ao ser indagada sobre a possibilidade de que, além de averiguar os crimes da ditadura, a comissão abra um expediente para investigar as ações da guerrilha.
Fonte-Carta Capital
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