3ª Conversa Pública: a fala como possibilidade de trabalhar os traumas da Ditadura

3a Conversa Clínica Pública

No marco das atividades dos 50 anos do Golpe de 1964 a Secretária Municipal de Direitos Humanos e a Clínica do Testemunho Projetos Terapêuticos – SP realizarão a  3ª Conversa Pública:a fala como possibilidade de trabalhar os traumas da Ditadura. no próximo dia 03/07/2014.

Haverá exibição do documentário Verdade 12.528, conversa com os diretores e o diálogo contará com o acompanhamento dos psicanalistas da Clínica do Testemunho Projetos Terapêuticos – SP Maria Marta Azzolini, Issa Mercadante e Rodrigo Blum!

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Documentos Revelados traz novas informações sobre a Ditadura Militar

Documentos Revelados

 
Documentos Revelados é resultado de anos de garimpagem nos arquivos da ditadura, de vasculhar  caixas e pastas AZ, repletas de mandados de prisão, informes,radiogramas, ofícios recebidos e expedidos, dossiês,relatórios e outros tipos de documentos produzidos pela burocracia policial. Reconheço que esta busca é tardia, pois no Brasil,ao contrário de outros países, os arquivos da repressão estão sendo abertos fora do tempo apropriado. A Lei da Anistia, além de ter permitido a devolução dos direitos civis e políticos aos perseguidos pela ditadura, beneficiou os torturadores e serviu também ao propósito do esquecimento do passado. O resultado desta dubiedade é o fato de que enquanto as vítimas precisam remexer nos arquivos para que histórias sejam reconstruídas, os algozes e seus cúmplices fazem de tudo para que o passado permaneça intacto e possam, assim, terminar em paz os seus dias. Estão normalmente dispostos a pagar a intocabilidade do passado, com o seu próprio esquecimento pela História.

 

DOUTRINA DE SEGURANÇA NACIONAL – MANUAIS DE FORMAÇÃO DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

A Doutrina de Segurança Nacional pode ser analisada a partir de manuais e textos complementares, além de artigos publicados em revistas. Os documentos produzidos pela ESG e pelo EME expressam a ideologia que ate hoje e disseminada nas FFAA.
DOCUMENTOS REVELAM PERSEGUIÇÕES AO ESCRITOR E DRAMATURGO PLÍNIO MARCOS

Plínio Marcos era visto pelos militares que governavam o país como um “inimigo do sistema”.  Foi preso pelo 2º Exército em 1968, e em 1969, foi preso novamente por se recusar a acatar a interdição do espetáculo Dois Perdidos Numa Noite Suja, em que trabalhava como ator.

 

BRASIL SOCIALISTA 1976 – REVISTA EDITADA NO EXÍLIO

Durante o período da ditadura as colonias de exilados na Europa editaram diversas revistas e jornais.Brasil socialista e uma dessas publicações, e seu conteúdo eh composto por artigos de debates teóricos e posicionamentos dos agrupamentos de tendencia leninista.


PRISÃO E TORTURAS SOFRIDAS PELO DENTISTA DO POVO POBRE DA REGIÃO DE TRÊS PASSOS

Quando Reneu Mertz foi preso em 1970 na cidade de Três Passos,  possuía 29 anos. Exercia o mandato de vereador e sua prisão foi em decorrência da queda da Base Tática na VPR na região.

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Saudades: um ano sem Teresa Urban

Tereza Urban

Há exato um ano, 26 de junho de 2013, nos despedimos de Teresa Urban, símbolo de luta e perseverança por liberdade e justiça,  Deixou saudades, um exemplo de vida para muitos jovens e uma referencia de cidadania para as gerações presente e futuras.

Vítima  da Ditadura Militar que se abateu no Brasil, transformou a violência sofrida em sua missão de vida na defesa dos Direitos Humanos e da paz por um mundo melhor, mais fraterno, sustentável e decente.

Lembramos com  saudade e gratidão de Teresa Urban.

Reverenciamos sua luta e seu exemplo de vida.

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Abaixo, reproduzimos matéria publicada em Jornalistas& Cia, edição 954, que traz um pouco da memória de Teresa Urban.

Páginas de jornalistasecia854tu25

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Comissão Estadual da Verdade de SC realiza audiência no dia 30

A Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright (CEV) realizará no dia 30 de junho audiência pública para coletar depoimentos de vítimas e familiares de vítimas que sofreram violação dos direitos humanos durante a ditadura militar. O encontro ocorre na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), em Florianópolis, às 16h. Esta é a última audiência pública da CEV antes da apresentação do relatório estadual à Comissão Nacional da Verdade (CNV).

De acordo com levantamento feito pela comissão catarinense, há registro de um grande número de casos de violação de direitos humanos no Estado, porém muitos ainda não foram noticiados e permanecem desconhecidos. “A Comissão Estadual não conhece e nem possui os contatos de todas as pessoas que foram presas, torturadas ou que possuem informações. Por isso, é muito importante que as pessoas tomem a iniciativa e entrem em contato conosco, pelo e-mail comissaodaverdade@scc.sc.gov.br ou pelo telefone (48) 3665-2409, para nos informar e contar o que sabem”, explica a integrante da CEV, Derlei Catarina de Luca.

A comissão catarinense foi criada em 2013 para auxiliar a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Desde o início foram comissao-da-verdadecachorrorealizadas audiências públicas, oitivas e reuniões para auxiliar no trabalho de investigação de denúncias de violações de direitos humanos em Santa Catarina durante o regime militar. Todo o trabalho será apresentado em relatório que a comissão catarinense deve enviar à comissão nacional nas próximas semanas.

Segundo o coordenador da CEV, Anselmo Machado, o relatório está dividido entre os membros e conta com itens importantes como a catalogação e apresentação de nomes, mapeamento de locais de tortura e prisão, apresentação dos trabalhos feitos e base legislativa. “É um trabalho demorado, pois são mais de 630 pessoas e cada uma com um caso diferente”, afirma Machado.

Conforme prevê a legislação que instituiu a CEV em Santa Catarina, o mandato dos membros e as atividades desenvolvidas serão encerrados com a publicação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, prevista para dezembro deste ano. Todo o acervo documental e de multimídia resultante da conclusão dos trabalhos da comissão catarinense deverá ser encaminhado ao Arquivo Público do Estado e ao Arquivo Nacional para integrar o Projeto Memórias Reveladas.

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Militares cassados pela ditadura divulgam carta aberta à presidenta Dilma

Os militares cassados  pela ditadura fizeram na segunda-feira(23) uma caminhada pela orla de Copacabana, na zona ditadurasul do Rio de Janeiro, aproveitando os festejos da Copa, para divulgar uma carta aberta à presidenta Dilma Rousseff denunciando a perseguição que os atuais comandantes fazem contra os anistiados políticos e, também, o descumprimento da Lei  10.559/2002, conhecida como Lei de Anistia.

O coordenador do movimento, advogado José Bezerra, disse à Agência Brasil que “quando os militares anistiados morrem, os generais de plantão negam os benefícios às filhas, dizendo que eles não são mais militares. São anistiados políticos”.

A carta será encaminhada à presidenta da República após a Copa do Mundo. José Bezerra reiterou que os militares vítimas do  golpe militar de 1964 continuam sofrendo até os dias atuais. “O Estatuto dos Militares vem sendo desrespeitado em sua totalidade”. Citou o exemplo do major brigadeiro do Ar, Rui Barbosa Moreira Lima, cassado no dia 9 de abril de 1964, por ter sido considerado seguidor do deputado Leonel Brizola e do antropólogo Darcy Ribeiro. Moreira Lima era comandante da Base Aérea de Santa Cruz.

“Por essa razão, (esses militares) foram tratados como subversivos, perderam seus empregos e nada receberam. Alguns chegaram a ser anistiados no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002. Porém, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou suas anistias e suspendeu seus planos de saúde. Hoje, muitos deles, já idosos, morrem na miséria e no abandono, simplesmente por terem se negado a fazer parte do golpe militar e a trair a Constituição e o presidente eleito, João Goulart”, disse. Para ele, o recado foi dado.

A caminhada reuniu militares cassados das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). José Bezerra representa as associações de militares anistiados da Aeronáutica nos estados do Rio de Janeiro, da Paraíba, do Ceará,  de Pernambuco e da Bahia. Ele também foi cassado pela ditadura quando servia na Base Aérea do Galeão. Na época, Bezerra era cabo da Aeronáutica.

Fonte- Agência Brasil

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Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça divulga nota crítica sobre Relatórios das Forças Armadas

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A Coordenação da RBMVJ* declara que tomou conhecimento dos Relatórios das Forças Armadas e que tais relatórios NÃO RESPONDERAM aos quesitos formulados pela CNV, visto que  existem dezenas de relatos de desvio de finalidade no uso daquelas instalações militares como CENTROS DE TORTURA e  em alguns casos de assassinato de opositores políticos à ditadura.

Os relatórios das três armas são bastante semelhantes e demonstraram a total falta de boa fé em contribuir para que o Brasil resgate a sua verdadeira história, e ,em certa medida, um escárnio à solicitação da CNV, que, por seu turno, foi crédula quanto ao dever constitucional das Forças Armadas.

Caberá à CNV acelerar as diligências aos demais centros de tortura e extermínio e audiências públicas com as testemunhas e agentes do Estado daquela hedionda ditadura.

 

Brasil, 19/junho/2014

Francisco Celso Calmon

Gilney Viana

Derlei Catarina De Luca

 

* Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça é constituída de 32 entidades regionais compostas por ex-prisioneiros, familiares de mortos/desaparecidos e militantes de Direitos Humanos.

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Comissão Nacional da Verdade deve confirmar 400 mortes ou execuções na ditadura

Após dois anos de trabalho, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) já conseguiu confirmar pelo menos 360 execuções ou desaparecimentos frutos das ações do regime militar no Brasil. Entretanto, segundo o coordenador do órgão, Pedro dallariDallari, a tendência é que a CNV consiga quantificar em torno de 400 o número de vítimas da repressão no Brasil.

Além disso, o relatório final do órgão começará a ser elaborado em junho e as recomendações da CNV que constarão desse documento – inclusive a manifestação sobre a revisão da Lei da Anistia – serão discutidas com a sociedade civil no segundo semestre deste ano.

Em outros países da América Latina, o número de mortos contabilizados pelas respectivas comissões da verdade foi superior. No Uruguai, a comissão identificou 51 mil execuções; na Guatemala foram contabilizados 6 mil desaparecidos e 626 mortes; na Argentina, se detectaram 9 mil vítimas e no Chile, foram confirmados quase 3 mil assassinatos. Nas outras experiências latino-americanas, houve a proposição de medidas de medidas judiciais contra torturadores e autores de homicídios contra militantes de esquerda.

No primeiro momento, conforme Dallari, a CNV adotou como critério de investigação a lista de 475 mortos e desaparecidos políticos estimados pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos criada pelo Ministério da Justiça (MJ).

Mas essa lista de 475 supostas vítimas foi reduzia para em torno de 360 casos (dos quais 160 desaparecidos políticos) que passaram a ser investigados pela Comissão e nos quais já houve reconhecimento de que, de fato, foram vítimas da repressão até mesmo pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos. Os demais casos ainda estão sob investigação.

O critério inicial de apuração de mortes levou em consideração as vítimas que eram oriundas de grupos insurgentes ao regime, mas, com os avanços nas investigações, a CNV também passou a catalogar as execuções de pessoas integrantes de movimentos sociais e sindicais igualmente vítimas do regime militar. “Mas se você pega o caso dos mortos em conflitos no campo, por exemplo, isso (número de vítimas) pode aumentar. Porque essa estatística, em geral, não inclui aqueles mortos no contexto dos conflitos entre trabalhadores rurais e movimentos sociais”, descreveu Dallari.

A intenção da CNV é disponibilizar uma espécie de ficha de cada uma das vítimas em um volume anexo ao relatório final que o órgão terá que apresentar no final deste ano. “Daí a nossa preocupação em ter o número exato (de vítimas)”, diz ele. Essa ficha terá a provável data da morte/desaparecimento, circunstâncias, entre outras informações.

“Eu acho que a Comissão está conseguindo cumprir as finalidades que foram estabelecidas para ela na lei que a instituiu. A lei que a instituiu em novembro de 2011, estabeleceu uma série de objetivos e o principal deles é o esclarecimento de fatos e das circunstâncias nos casos de graves de violações de Direitos Humanos. E a comissão ao longo desses dois anos realizou um trabalho de investigação muito consistente, muito intenso”, analisou Dallari.

Relatório final

A redação do relatório final da CNV será iniciada ainda em junho, conforme Dallari. Desde outubro, a CNV discutiu a estrutura desse relatório final e no último dia 29 de maio a entidade consolidou, no Rio de Janeiro, a estrutura desse documento.

O relatório final da CNV deverá ter 30 capítulos, distribuídos em cinco grandes partes. A primeira parte, introdutória, terá informações sobre o marco legal da Comissão, suas atividades e atribuições. A segunda parte falará sobre a estrutura da repressão no Brasil. Sobre os órgãos que compuseram ou ajudaram nessa estrutura repressiva no país durante o regime militar.

Esse capítulo falará sobre a atuação do Serviço Nacional de Informação (SNI), Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), a estrutura de repressão nos Estados, cooperação internacional à repressão – como na Operação Condor (aliança entre vários países sul-americanos durante a ditadura) -, entre outras. Além disso, nessa parte, também serão abordadas iniciativas da sociedade como o financiamento da estrutura repressiva por entidades comerciais, por exemplo.

A terceira parte do relatório será dedicada aos procedimentos adotados por essa estrutura de repressão. Na prática, será a parte que a CNV descreverá os métodos de tortura e atos de violação de direitos humanos, explicitando as formas de tortura, modos de execução, desaparecimento forçado e ocultação de cadáveres durante o regime.

A quarta parte do relatório falará sobre as vítimas e dos grupos que foram atingidos pela repressão, como insurgentes ao regime, representantes sindicais, trabalhadores rurais, entre outros. “É uma sequência lógica. Falamos sobre a estrutura da repressão, dos métodos da repressão e quem foi alcançado pela repressão”, explica Dallari.

E a última parte do relatório final tratará sobre a reação da sociedade na época às graves violações aos direitos humanos e a resistência social através de movimentos sociais, como o comitê pela anistia e as comissões de Justiça e Paz da Igreja Católica, entre outras entidades. “Essa é uma estrutura simples, cada parte tem em torno de quatro a cinco capítulos que vão compor o conjunto do relatório”.

Lei da Anistia

Além dessa estrutura, existirão mais dois capítulos: um de conclusões e outro sobre recomendações da CNV. A parte de conclusão será uma análise da CNV sobre o regime militar e a de recomendações traçará um cenário e sugestões de políticas públicas para se evitar novas violações de direitos humanos como ocorreu na ditadura.

Sobre o capítulo de recomendações, Dallari informou que, a partir do segundo semestre, a CNV deve realizar audiências públicas para o “recebimento de subsídios” para essa tida como fundamental do relatório final. Um dos temas que serão discutidos em audiência pública é a manifestação formal da CNV relacionada à revisão da Lei da Anistia. A lei foi editada em 1979 no início da reabertura política do Brasil e teve como objetivo perdoar crimes cometidos por agentes do Estado durante o regime militar contra opositores da ditadura.

Apesar de, nos bastidores, surgirem informações que os membros da CNV sejam a favor da revisão da Lei da Anistia, Dallari disse que esse tema ainda não foi discutido oficialmente. “Tem havido muita especulação sobre isso. A comissão nunca discutiu organizadamente esse assunto. Muito provavelmente, o que nós vamos fazer e, de certa maneira, construir esse capítulo de recomendações, inclusive, a partir de subsídios da sociedade civil”finalizou Dallari.

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Memória é uma disputa ideológica”, dizem autores de livro sobre a ditadura

Longe de ser “branda”, como alguns avaliam, a ditadura militar no Brasil foi muito mais abrangente e repressora do que se imagina, e se alimentou de uma cultura de violência que remonta ao genocídio dos povos indígenas e à escravidão

Narciso Pires e Silvia Calciolari: golpe teve apoio de empresários, igreja e populares (foto: Valquir Aureliano)

Narciso Pires e Silvia Calciolari: golpe teve apoio de empresários, igreja e populares (foto: Valquir Aureliano)

no País. Quem explica são dois dos autores do livro “Depoimentos para a História – A resistência à ditadura militar no Paraná”, lançado na semana passada, e que reúne relatos de 165 pessoas que combateram o arbítrio e foram vigiados, perseguidos, presos e torturados entre 1964 e 1985 no Estado.

O ex-preso político e militante dos Direitos Humanos, Antonio Narciso Pires de Oliveira, a jornalista e filósofa Silva Calciolari – responsáveis junto com o historiador Fábio Bacila Sahd pela obra – contam, por exemplo, que só no Paraná, quatro mil pessoas foram presas e dessas, mais de mil pessoas torturadas no Estado no período. E que assim como em outras regiões do País, o golpe teve o apoio de amplos setores da sociedade civil – incluindo aí empresários, líderes religiosos e da própria população. Em entrevista ao Bem Paraná, Narciso Pires e Silvia Calciolari explicam como isso aconteceu, e como cinquenta anos depois, a história dos “Anos de Chumbo” ainda está por ser adequadamente contada.

Bem Paraná – No plano nacional, sabe-se que o golpe de 64 teve o apoio de empresários e outros setores significativos da sociedade civil. No Paraná também aconteceu isso?
Narciso Pires – Da mesma forma. Você tem o exemplo de párocos da Igreja Católica no interior, convocando manifestações, cercando sindicatos rurais. Nós temos um caso de um sindicato em Peabiru que foi cercado, com ameaças de incendiar. Então você tem, na verdade, sim no Paraná, todo o apoio desse grupamento.
Silvia Calciolari – A gente até entrevistou um padre de Maringá que na homilia conclamava a população para ficar atenta. Até recebeu uma advertência da diocese de Maringá, por estar fazendo sermões muito engajados contra a ditadura. Ele era professor no (colégio estadual) Gastão Vidigal. O movimento estudantil era muito forte lá. Ele foi advertido pela diocese por estar exagerando no conteúdo político.

BP – Houve marchas “da família” em apoio ao golpe no Paraná?
Silvia Calciolari – Em muitas cidades do interior, principalmente.
Narciso Pires – Interessante observar que a Igreja Católica só vai mudar sua posição na metade dos anos 60 para frente, depois do golpe. Depois do concílio do Vaticano. Dom Paulo Evaristo Arns, que é um ícone na Igreja Católica na luta contra a ditadura militar. Em 1964, ele sai de São Paulo para abençoar as tropas do (general) Mourão Filho que se deslocavam de Juiz de Fora. A história da escravidão no Brasil mostra que a Igreja Católica não só apoiou como tinha fazendas de escravos. As pessoas, eu percebo, que têm medo de tocar nesse assunto. Da mesma maneira, do golpe, a história é a história. Se você não a relata como tem que ser, ela vai se projetar distorcida. A Igreja Católica foi apoiadora do golpe.

BP – E o empresariado paranaense?
Narciso Pires – Também. Essa construção conservadora não é apenas do passado. Vai ser reforçada por toda a mídia brasileira. Essa formação no Paraná é conservadora.

BP – E existem números sobre quantas pessoas tiveram direitos cassados e ou foram presas pela repressão no Paraná?
Narciso Pires – No Paraná são quatro mil pessoas presas, aproximadamente. Dessas, mais de mil pessoas torturadas. Você tem os números.

BP – Foi muito mais amplo do que se pensa, então?
Silvia Calciolari – Muito mais.
Narciso Pires – As pessoas não têm ideia. Elas acham, por exemplo, que aquilo foi uma coisa que passou. Com o processo da ditadura você tem um refluxo de todo o processo de informação. A repressão em si não é divulgada. E as pessoas não têm outra fonte de informação que não os jornais e rádios. E a partir do momento em que isso não existia…Então o que não estava sendo divulgado, não estava acontecendo.

Repressão

“Só no campo foram 1.100 assassinados”

Bem Paraná – Algumas pessoas relativizam a ditadura militar no Brasil. Há até o caso de um editorial do jornal Folha de SP que cunhou o termo “ditabranda” para definir o período. A luz do que vocês viveram, e levantaram nesse trabalho, o que acham disso?
Narciso Pires – Em primeiro lugar, tem que perceber o seguinte, quando você trabalha o viés da ditadura militar pela relação dos direitos humanos e principalmente da classe média, você tem números assim: 500 mil pessoas perseguidas, 50 mil presas, 20 mil torturadas. Basicamente essas torturas são de classe média. Agora quando você começa – e é isso que a Comissão da Verdade vai trazer de novidade – só no campo foram assassinadas durante a ditadura militar, 1.100 pessoas. Milhares de indígenas foram mortos na ocupação da Amazônia. Na implantação da Itaipu. Não há nada de extraordinário. Ela (a ditadura) não faz muito mais do que já não era feito. Se pegar os 500 anos, toda a ocupação de terra no Brasil. Norte do Paraná, companhia Melhoramentos. Onde estavam os povos indígenas que ocupavam essas regiões? Os chetás, por exemplo, como forma extintos. Eu me criei em uma cidade chamada São Jerônimo da Serra até os sete anos de idade. Me criei com história de caças aos bugres. Falava-se em caçadas a bugradas como se falava de caçada de macaco, onça. Os povos indígenas foram sendo extintos como se não fossem gente.
Silvia Calciolari – Todo esse ‘know-how’ de perseguição, vigilância e genocídio que se fez contra os escravos, índios, faz parte da cultura de um Estado. Todas essas técnicas foram utilizadas contra os presos políticos. Tanto é que antes se fazia isso com ladrão de carro. Nossa polícia é militarizada na sua essência. Tanto é que os presos políticos acabaram, mas a tortura não acabou. Sobre a ‘ditabranda’, para quem não foi perseguido, pode até ser branda. Mas para quem teve os agentes em seu encalço, foi preso, torturado, é ditadura.
Narciso Pires – Ditabranda? Eu fui sequestrado. Aliás, antes de eu ser sequestrado, sequestraram meu irmão, torturaram meu irmão uma noite inteira. Tanto que não tem nada na ficha dele. Nem militante era. Com o único objetivo de dizer onde eu estava. E com um recadinho: ‘ou ele aparece, ou o pai, a mãe, o irmão, outros serão também presos e torturados’. Eu fui preso em Apucarana. Me entreguei em um escritório de advocacia. O Exército foi me buscar. A primeira coisa que fizeram quando eu entrei no carro foi colocar algemas e vendar os olhos. Me levaram para um local clandestino. Eu já tinha ficado preso anteriormente em um quartel do Exército em Apucarana. E fui torturado a noite inteira naquele quartel. No dia seguinte me transferiram com os olhos vendados para Curitiba. E fui jogado aqui no centro de tortura do Doi-Codi, do Exército brasileiro. Passei uma semana nesse local sendo torturado. Que ditabranda? (Antônio de) Três Reis foi assassinado em Apucarana. Outros foram assassinados. Sabe. Nós estamos vendo hoje inclusive. Nós trabalhamos sempre com a estatística de cerca de 400 assassinados. Hoje esses números estão se modificando.

BP – Ou seja, a comparação que se faz com a Argentina e o Chile para se dizer que a ditadura no Brasil foi mais “branda” é descabida?
Narciso Pires – É. O que ocorre é o seguinte. Você tem uma reação na Argentina, são 30 mil mortos. Proporcionalmente é evidente. Você tem, por exemplo, na Segunda Guerra Mundial, a invasão na União Soviética, com 27 milhões de mortos. A invasão da Polônia com seis milhões de mortos. E daí?
Silvia Calciolari – Qual a diferença?

Esquerda

“Sabíamos na época que éramos isolados”

Bem Paraná – Os defensores do golpe de 64 argumentam que os militantes de esquerda que lutavam contra a ditadura não queriam a democracia, mas sim instalar uma ditadura de esquerda no País. O que vocês acham disso?
Narciso Pires – Isso é de uma extremada ignorância. Antes do golpe você tinha praticamente quatro correntes de esquerda no Brasil. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a Política Operária (Polop) e a Ação Popular (AP). Todas as quatro organizações, nenhuma propõe a implantação do comunismo no Brasil. Todas elas propõem a revolução democrático-burguesa. O que significa as reformas dentro do sistema capitalista. Nenhuma propõe a ditadura do proletariado. Pelo contrário, o PCB vai persistir após o golpe contra a luta armada. Em 1966, exatamente por essa postura do partido não aderir à luta armada, vai haver um racha no congresso do partido, principalmente a sua juventude, ansiosa por uma reação mais presente contra a ditadura.
BP – Vocês não acham que a esquerda foi ingênua?
Narciso Pires – É muito fácil para nós hoje, com o tempo passado, distante, olharmos aquele período e concluirmos isso. Mas para quem estava olhando não o todo, mas a parte, é muito complicado. Nós cometemos muitos erros, é claro. Mas só é possível acertar a partir do momento em que você comete erros. Não tem como prever.
Silvia Calciolari – Nós entrevistamos muitas pessoas, e claro, elas sabiam da força do Estado, dos perigos, das técnicas. Eles tinham uma crença de que era preciso lutar para conseguir as liberdades. Eles faziam tudo aquilo que a gente sabe, dos aparelhos, dos encontros, as estratégias de sobrevivência. Eles falam que iam lutar, primeiro pela anistia.
Narciso Pires – Nós sabíamos na época que éramos isolados, poucos. Sempre tivemos a percepção de que uma caminhada começa pelos primeiros passos. Era um processo em construção. Não se trata de ser ingênuo. Sabíamos que cometeríamos muitos erros, e cometemos. Mas que poderíamos ter a possibilidade de acertar. E que os próprios acertos seriam decorrentes dos erros cometidos.

BP– Como vocês vêem o debate sobre a revisão da lei da anistia e a reabertura de investigações sobre crimes praticados pela ditadura?
Narciso Pires – As decisões do Supremo Tribunal Federal são eminentemente políticas, não são jurídicas. Até as argumentações para justificar a anistia aos torturadores é uma construção absurda. Então se procura revisar hoje porque a comunidade internacional não aceita. A lei da anistia é construída em um momento em que os que estavam no poder tinham o controle absoluto, resultado do “Pacote de Abril de 1977”.

Descoberta

“Temos a história contada pela ditadura”

Bem Paraná – Mesmo sob o aspecto dos números, nós não temos um conhecimento mais preciso do que aconteceu. A história da ditadura no Brasil ainda está muito mal contada?
Silvia Calciolari – Nós temos essa memória ainda enrustida, embrulada em uma versão oficial de que eles estavam cumprindo um dever. Ela não foi contada ainda. Ela começou a ser desembrulhada ainda.
Narciso Pires – Na verdade, porque que a história não é contada. A história do genocídio indígena não é contada. Tanto não é que as pessoas não tem ideia de que as estimativas mostram que aqui no Brasil tínhamos de 3 a 5 milhões de indígenas, 400 povos diferentes, as pessoas ficam surpresas porque achavam que aqui não tinha população. Era um deserto. Que os portugueses descobriram o Brasil e o povoaram. Não existe essa memória da ditadura porque nós estamos reconstruindo esse processo.
BP – Essa falta de memória explica porque setores, 50 anos depois, pedem a volta dos militares?
Narciso Pires – Claro. E não é só isso. Mesmo quando a classe trabalhadora, a duras penas, conquista um direito, com o tempo a própria classe dominante que foi obrigada a fazer a concessão, transforma aquela concessão em um ‘ato de sua vontade’, concedido pela sua benevolência, não como resultado de um processo de luta. Porque a memória é uma disputa ideológica. Porque se a classe trabalhadora, os oprimidos desse País e do mundo descobrirem um dia que cada conquista foi resultado de muito sangue, de muitas lágrimas e de muito suor, ela vai saber que para mudar precisa se unir, se organizar, se mobilizar. Por isso a mémória é um processo em disputa. Até agora nós tivemos praticamente a história contada pela ditadura. Foi a nossa resistênciaque veio mudando isso.
BP – A tortura continua sendo uma prática comum nas prisões brasileiras. Até que ponto a ditadura foi responsável pela disseminação dessa cultura?
Silvia Calciolari – A tortura – há uma frase do Sartre que diz que ela não é civil, nem militar. É uma praga da civilização. Uma disputa pelo poder. O poder do Estado sobre o cidadão, do pai sobre o filho, do marido sobre a mulher. Isso tudo é tortura também. O assédio moral, sexual. Tudo isso está dentro dos arranjos sociais. Pode ser ditadura de esquerda ou de direita. Nada justifica você tirar a condição humana do outro.
Narciso Pires – A diferença da tortura na ditadura militar e hoje é que a tortura durante a ditadura era uma política de Estado e hoje não. Mas continua sendo uma política dos órgãos de repressão, porque é uma prática cultural. O que foram os 400 anos de escravidão no Brasil. A submissão pela tortura. Ou pela violência extremada.

Fonte- Ivan Santos/Bem Paraná

Publicado originalmente em http://www.bemparana.com.br/noticia/331390/memoria-e-uma-disputa-ideologica-dizem-autores-de-livro-sobre-a-ditadura

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Corpo de Stuart Angel teria sido enterrado na Base Aérea de Santa Cruz

A Comissão Nacional da Verdade divulgou, na tarde da segunda-feira,9, o depoimento do capitão reformado Álvaro de stuartOliveira Filho, anistiado político. Ele afirmou que o corpo do dirigente do MR-8 Stuart Angel teria sido enterrado junto à cabeceira da pista da base aérea de Santa Cruz. A CNV vai pedir escavações da área nas próximas semanas. Segundo Álvaro, ele teria ouvido a confissão de José do Nascimento Cabral.

O capitão Lucio Barroso, ex-integrante do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) informou à Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio) que o torturador de Stuart Angel foi o mesmo de Rubens Paiva,  o sargento da Aeronáutica Abílio Correa de Souza, que já morreu.

O ex-integrante do Cisa contou ainda que os militantes eram levados para prisões na 3ª Zona Aérea no Aeroporto Santos Dumont — e não para a Base Aérea do Galeão, como sempre se cogitou.

“O comando não se metia nestas coisas. Isto se dava entre os que trabalhavam ali, na informação. Quem buscou ele foi o Abílio”, afirmou Barroso, sobre a prisão do deputado. Ao falar do sequesto de Stuart, ele disse crer que “pode ter sido uma operação conjunta de várias forças”.

Investigando o caso há um ano, a jornalista e assessora da CEV-Rio Denise Assis ainda encontrou, no arquivo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, um envelope com fotos de uma ossada descoberta na cabeceira do Aeroporto Santos Dumont em 18 de outubro de 1971. A prisão de Stuart ocorreu em 14 de maio do mesmo ano. A CEV-Rio acredita que as imagens possam ser dos restos mortais do líder do MR-8, mas aguarda o ICCE localizar o laudo feito após a retirada da ossada do aeroporto.

Além das fotos, o envelope continha um telex assinado pelo perito de local da Polícia Civil Jacques Wygoda. Segundo a coordenadora da pesquisa do caso e membro da CEV-Rio, Nadine Borges, Wygoda participou de outras perícias de local relativas a supostos suícidios ocorridos no DOI-Codi.

Até o momento, as informações existentes sobre o paradeiro de Stuart Angel baseavam-se na carta de denúncia feita pelo preso político Alex Polari de Alverga para a estilista Zuzu Angel, mãe do estudante. Ele contou ter presenciado a prisão e a tortura de Stuart no Grajaú, mas localizava a prisão de ambos na Base do Galeão.

Conforme Alex, Stuart foi torturado por cerca de dois dias. Os militares teriam amarrado sua cabeça a um cano de descarga de um jipe e depois ele teria sido arrastado no pátio da base. Mais tarde, Alex e Maria Cristina Ferreira, também presa política, dizem ter ouvido gemidos de Stuart ainda com vida na madrugada. De manhã, o corpo inerte foi retirado da cela.

Ele e Manoel Ferreira, outro preso político, apontam como torturadores do local, além do sargento Abílio, o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, comandante da 3ª Zona Aérea , o brigadeiro Carlos Affonso Dellamora, chefe do Cisa, o coronel Ferdinando Muniz de Farias e o capitão Lucio Barroso. De todos, apenas o último não morreu. Sobre Abílio, Alex dizia que seu codinome era Pascoal. No ano passado, o jornal ‘O Globo’ revelou que se tratava, na verdade, do sargento Abílio Correa de Souza.

Para o presidente da CEV-Rio, Wadih Damous, as investigações trouxeram avanços importantes. “O depoimento do agente Lucio Barroso joga novas luzes no caso do desaparecimento de Stuart, já que apresenta a hipótese plausível de ele ter sido torturado e morto nas dependências da antiga 3ª Zona Aérea no Santos Dumont. Para lá também foi levado o deputado Rubens Paiva, analisou Damous.

‘Banho de mar na cabeceira da pista’

Tanto a descoberta das fotos da ossada quanto o depoimento do capitão Lucio Barroso fizeram a Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio) voltar suas investigações para o Aeroporto Santos Dumont. No arquivo do Dops do Rio, foi localizado ainda um memorando do Cisa encaminhado pelo brigadeiro João Paulo Moreira Burnier e pelo tenente-coronel Ramiro de Oliveira Gama, chefe da Divisão de Informações de Segurança, à Secretaria de Segurança Pública da Guanabara.

No documento, o capitão Lucio Barroso assina uma sindicância sobre a situação de quatro fuscas de presos políticos da organização MR-8, capturados em 7 de maio de 1971 — sete dias antes do sequestro de Stuart Angel, dirigente da organização. Os carros foram vistoriados no pátio do 3º QG, que fica na área militar do Santos Dumont. Além disso, Lucio Barroso assina o recibo de reboque dos carros junto à empresa Rio Reboques Ltda, em 2 de junho.

Os carros eram usados por Zaqueu José Bento, Manoel Ferreira, José Roberto Gonçalves de Rezende e Amaro de Souza Braga. Todos do MR8, com exceção de Rezende, que era da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

No depoimento à CEV-Rio, Barroso negou a existência de tortura e disse que levava os presos para tomar banho de mar junto às pedras na cabeceira da pista. Mesmo local onde a ossada foi encontrada meses depois.

Barroso nega envolvimento na morte de Stuart

Embora tenha confessado saber sobre o funcionamento do Cisa e as prisões de Stuart Angel e Rubens Paiva, Lucio Barroso negou envolvimento na prisão dos opositores políticos.

Oficial graduado no exterior — ele fez o curso de Inteligência Militar na Escola das Américas no Panamá — acabou afastado de suas funções depois do desaparecimento do dirigente do MR-8.

No depoimento, ele contou frustrado que foi transferido para a diretoria de Documentação. Além dele, devido às denúncias de Zuzu Angel, toda a cúpula da Aeronáutica foi afastada no início de 1972, inclusive o ministro da época, Marcio de Sousa e Mello.

Fonte- O Dia

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Livro registra memória de militantes da resistência à ditadura militar no Paraná

O livro “Depoimentos para a História – A resistência à ditadura militar no Paraná”, de autoria do ex-preso político e militante dos Direitos Humanos Antonio Narciso Pires de Oliveira, o historiador Fábio Bacila Sahd e a jornalista e filósofa Silvia Calciolari, será lançado no próximo dia 11 de Junho de 2014, quarta-feira, às 19 horas, na sede da OAB – Seção capalivrodpzaParaná.

A publicação faz parte de projeto coordenado pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Paraná e realizado pela Sociedade DHPAZ – Direitos Humanos para a Paz e Projeto Marcas da Memória da Comissão Nacional da Anistia do Ministério da Justiça. A iniciativa registrou em vídeo a memória de luta de homens e mulheres que combateram o arbítrio e foram vigiados, perseguidos, presos e torturados durante a ditadura militar no Estado do Paraná, entre 1964 e 1985.

Além de ativistas das diversas organizações e movimentos que contestavam a ditadura no Paraná, a proposta foi registrar também a memória dos que combateram o regime de exceção através da ação política de estudantes, professores e profissionais liberais como médicos, engenheiros e advogados, além de sindicalistas e parlamentares. No total, foram coletados 165 depoimentos registrados em vídeo e todos relacionados no livro, que traz ainda uma contextualização histórica do período.

Todos os vídeos podem ser acessados no canal do DHPAZ no Youtube e no site www.dhpaz.org . Compondo um acervo inédito no Brasil, o ‘Depoimentos para a História – A resistência à ditadura militar no Paraná’ e fará parte do Memorial da Anistia.

Entrevistas na internet – O idealizador e coordenador do “Projeto Depoimentos para a História”, o ex-preso político e fundador do Grupo Tortura Nunca Mais no Paraná, Narciso Pires, explica que o grande mérito da proposta é permitir que os protagonistas da resistência democrática possam contar a sua própria versão dos fatos, sem restrições.

“Outra diferença do projeto é que os depoimentos estão disponíveis na íntegra na internet para que todos saibam a atuação do regime de arbítrio no Estado do Paraná, como se deu a resistência e a sua derrocada”. Para Narciso, ele mesmo histórico militante dos Direitos Humanos e defensor do resgate da memória histórica do período, é a primeira vez no país que os relatos de militantes serão reunidos num único acervo de áudio e vídeo.

“Este banco de imagens estará acessível não só a pesquisadores, mas também a quem tiver interesse em conhecer a nossa história de resistência ao regime militar, até porque a luta por uma sociedade mais justa e igualitária, com respeito aos Direitos Humanos e liberdades individuais continua”.

Para conhecer os participantes do “Projeto Depoimentos para a História”, visite o portal www.dhpaz.org , curta e compartilhe a página no Facebook – Direitos Humanos DHPaz e acesse o Canal DHPAZ no Youtube.

Serviço:

Lançamento do livro “Depoimentos para a História – A resistência à ditadura militar no Paraná” de autoria de Antonio Narciso Pires de Oliveira, Fábio Bacila Sahd e Silvia Calciolari

Dia – Quarta-feira – 11 de Junho de 2014

Horário – 19 horas

Local – Sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Paraná

Rua Brasilino Moura, 253 – Ahu – Curitiba – Paraná

(41) 3250-5700

Sociedade DHPAZ – sdhpaz@gmail.com

Informações – (41) 3085-5388 e 3079-1759

Fonte -www.dhpaz.org.br

 

Fone – 41-9967-3416

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