A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos – CEMDP, atendendo a solicitação dos familiares e do procurador federal Sérgio Gardenghi Suiama, realizou a exumação de Arnaldo Cardoso Rocha em 12/08/2013. Seus restos mortais foram submetidos à análise e estudos periciais segundo as técnicas da antropologia forense, concluindo fora capturado vivo, submetido a torturas e finalmente executado; desmentindo assim, a versão dos órgãos de repressão de “morte em tiroteio”.
Após quatro meses de analise os restos mortais de Arnaldo Cardoso Rocha serão sepultados no dia 27 de dezembro de 2013, às 09 horas no Cemitério Parque da Colina, localizado na Rua Santarém, Nova Cintra, Belo Horizonte, MG. Sepultura – Jazigo 22-18, Jardim das Paineiras XXX.
Conclusões mais importantes dos três laudos periciais:
O Relatório de Exame de Antropologia Forense, do Dr. Marco Aurelio Guimarães:
Causa primária da morte : “Traumatismo crânio-encefálico por ação de instrumentos pérfuro-contudentes”.
Causas concorrentes: “Traumatismos múltiplos por instrumento/ação contundente seguidos de múltiplos traumatismos por projéteis de arma de fogo atingindo membros superiores, inferiores, tórax e pelve”.
Comentários adicionais: O padrão de distribuição de simetria e bilateralidade das lesões indica intencionalidade na sua origem e é altamente sugestiva da ocorrência de tortura.
Causa jurídica da morte: Homicídio doloso
O Laudo de Pericia Criminal Federal elaborado pelos Peritos Criminais Federais Júlio César Kern, André Ricardo Meinicke e Alexandre Pavan Garieri, concluiu que:
“As lesões verificadas na ossada exumada permitem concluir que Arnaldo Cardoso Rocha foi executado de forma cruel, por meio de disparos de arma de fogo contra sua cabeça, após ele ter sido vitima do emprego de força excessiva, com supressão de sua capacidade de agredir outrem, de se defender ou de fugir. A morte de Arnaldo Cardoso Rocha decorreu de traumatismo crânio-encefálico causado por projéteis de arma de fogo. Considerando-se as lesões verificadas na ossada exumada em conjunto com as informações contidas no laudo de exame necroscópico de 15/03/1973, Arnaldo teria sido alvejado ao menos por quinze projéteis de armas de fogo.”
Complementando foi realizado o Laudo Pericial pelos peritos criminais Celso Nenevê, Mauro José Oliveira Yared e Pedro Luiz Lemos Cunha, da Policia Civil do Distrito Federal, com conclusão semelhante.
Os laudos serão encaminhados pelos familiares para o Ministério Publico Federal para serem anexados ao processo de investigação criminal já em andamento.
Nós familiares de Arnaldo em 25/07/2012 demandamos à CNV a investigação do seu assassinato com o esclarecimento das circunstâncias, identificação das instituições e agentes do Estado responsáveis pelo seu assassinato.
Arnaldo nasceu em Belo Horizonte, MG, filho de Annette Cardoso Rocha e João de Deus Rocha, este antigo militante do militante do PCB. Arnaldo estudou na Escola Técnica Federal de Minas Gerais, atual Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET, no Bairro Gameleira, em Belo Horizonte. Iniciou sua militância no PCB, participou da Corrente Revolucionária de Minas Gerais que depois se integrou a Ação Libertadora Nacional – ALN.
Arnaldo Cardoso Rocha era membro da Coordenação Nacional da Ação Libertadora Nacional – ALN, quando foi capturado e assassinado em São Paulo no dia 15 de março de 1973 em uma emboscada do DOI-CODI-II Exército. Arnaldo estava com 23 anos, completaria 24 no dia 28 de março. Há poucos dias tinha recebido a noticia de que seria pai, Arnaldo nunca conheceu seu filho.
Iara Xavier Pereira
O Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça se solidariza com os familiares de Arnaldo Cardoso Rocha e com as suas lutas por verdade, memória e justiça. A esses bravos brasileiros nossas mais sinceras homenagens:
“que nenhum corpo permaneça insepulto,
que cada lágrima derramada celebre todas as lutas por liberdade e democracia
e que cada saudade reverencie com orgulho a memória de tantos heróis brasileiros que deram o melhor de si, senão a própria vida, para que o Brasil pudesse se libertar do julgo da tirania”
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