O delegado de Polícia Carlos Alberto Augusto foi alvo de um “esculacho” organizado por integrantes da Frente de Esculacho Popular (FEP) em Itatiba, no interior paulista. Em fevereiro deste ano, ele foi nomeado pelo governo estadual de São Paulo como delegado de segunda classe na cidade.
Entre 1970 e 1977, Augusto integrou a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury – notório torturador e comandante dos esquadrões da morte existentes naquela época – no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), um dos principais órgãos de repressão da ditadura civil-militar. Na ocasião, ganhou o apelido de “Carlinhos Metralha”, pois costumava andar pela sede do Dops segurando uma metralhadora. Ele era conhecido também como “Carteira Preta”.
Em outubro do ano passado, a Justiça Federal acolheu uma ação contra “Metralha” movida pelo procurador Sérgio Suiama, do Ministério Público Federal. Ele acusa Augusto, assim como o ex-comandante do DOI-Codi Carlos Alberto Brilhante Ustra e o delegado aposentado Alcides Singillo, de sequestrar o militante Edgar de Aquino Duarte, em junho de 1971.
Os cerca de 70 integrantes da FEP chegaram em um ônibus e alguns carros que saíram de São Paulo. No centro de Itatiba, o grupo distribuiu panfletos com o histórico de Augusto e estendeu cartazes pendurados em barbantes denunciando a atuação de “Metralha” durante a ditadura civil-militar. Além disso, o “esculacho” contou com apresentações artísticas de uma companhia de teatro e de uma fanfarra.
O atual delegado de Itatiba é acusado ainda de participar da organização do Massacre da Chácara São Bento, ocorrido em Pernambuco, em 1973. Na ação, seis militantes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) foram assassinados, entre eles Soledad Barret Viedma, que estava grávida do agente infiltrado Cabo Anselmo, amigo até hoje de Augusto.
A FEP, criada no começo de 2012, é um grupo de defensores de direitos humanos que busca resgatar a memória dos que lutaram, morreram e desapareceram durante a resistência ao regime; pressionar por uma Comissão da Verdade efetiva; e exigir a punição dos agentes do Estado que praticaram crimes de lesa-humanidade no período, como tortura e ocultação de cadáver.
No caso do esculacho contra “Carlinhos Metralha”, o objetivo foi, além disso, denunciar a continuidade da violência de Estado nos dias de hoje, principalmente contra a população negra e pobre.
Augusto é um caso emblemático dessa realidade. No próximo dia 12, de acordo com decreto oficial do governo estadual paulista, será comemorado pela primeira vez o Dia das Mães de Maio, uma referência ao movimento surgido após os Crimes de Maio de 2006, quando mais de 400 pessoas foram assassinadas pela PM paulista em todo o estado.
Fonte- http://www.viomundo.com.br/politica/torturador-da-ditadura-ainda-na-ativa-e-alvo-de-esculacho.html
Siga-nos!