No ato de abertura pública do antigo “Dopinha”, foi estabelecido o acordo para recuperação do imóvel que na década de ’60 abrigou um Centro Clandestino de Tortura e Desaparecimento, o primeiro da América Latina. Falando no pátio da antiga ‘A casa’ como era chamada pelos agentes repressores, o Governador Tarso Genro do RS e o Prefeito José Fortunatti de Porto Alegre comprometeram a parcería entre ambos entes do Estado para arcar com os custos.
No túnel secreto da entrada e nas pequenas peças sem saída, no mistério de cada rincão e no sentimento de medo, lástima e revolta que cada um sentiu, a caminhada temática para a recuperação do espaço da dor para ressignifica-lo como lugar da cultura e da memória, emocionou as mais de 400 pessoas que cantaram e se uniram com a voz dos cantautores Nei Lisboa, Nelson Coelho de Castro, Lourenço Teixeira, Carlos Hahn, Talo Pereyra e Raul Ellwanger. No curso do ato, foi realizado um painel alusivo gigante pelo artista Latuff. O ápice da emotividade chegou com a intervenção do grupo teatral Ói Nóis Aqui Traveiz, ao entoar com ternura e garra a lista dos nomes dos desaparecidos e assassinados no antigo regime militar.
Na casona onde foi seviciado o “suicidado” Sargento Manoel Raimundo Soares, no célebre caso das ‘mãos amarradas’, onde o criador da moderna boemia porto-alegrense Carlos Heitor Azevedo e a venerada jornalista e cronista social Gilda Marinho sofreram também o peso da brutalidade, reuniram-se os representantes da Assembléia Legislativa Dep. Adão Villaverde, do Judiciario sul-riograndense Dr. Roberto Caníbal, da Comissão Estadual da Verdade Dr. Carlos F. Guazzelli, da Secretaria Especial dos DDHH da Presidência da República, de 8 partidos democráticos, da Rede Brasil Memória-Verdade-Justiça e demais Comites Civis, das Comissões de DDHH da Assembleia Legislativa Dep. Jeferson Fernandes e da Camara de Vereadores Ver°. Fernanda Melchiona, da PGE Dr. Carlos Kaiper, do Sindicato de Advogados Dr. Marcus de los Santos, secretários de Estado e do Municipio, deputados e vereadores, agrupações juvenis, de ex-presos, cassados, anistiados e familiares de vitimas.Carlos Minhoca de Ré, presente, presente
Num lindo cenário de flores, bananeiras e cinamomos, ao som de canções sob o céu azul, puderam todos iniciar a implantação do “Centro de Memória Ico Lisboa”, onde nascerá um espetacular Sítio de Memoria do Mercosul, comunitário, educador e interativo para que a dor se mude em nova alegria e nova vida de reconstrução democrática: para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.
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Fonte: Comitê Carlos de Ré da Verdade e da Justiça do Rio Grande do Sul.
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