Anistia inaugura monumento às vítimas da ditadura e promove reparação

Foi inaugurado no dia 25 de maio, em Belo Horizonte (MG), um monumento em homenagem aos perseguidos políticos pelo regime militar brasileiro (1964-1985). A iniciativa é da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que pretende lançar outras novemonumentobh obras parecidas pelo país.

De acordo com o ministério, o marco, feito de aço e com uma bandeira do Brasil com o nome de 58 mortos e desaparecidos na época da ditadura, foi inaugurado em frente ao antigo Dops (Departamento de Ordem e Política Social) de Belo Horizonte para “sinalizar às novas gerações aquele espaço de violações, para que a memória fortaleça a cultura da não-repetição”.

O monumento é o primeiro de dez que serão erguidos Brasil afora, do “Trilhas da Anistia”, parte do projeto Marcas da Memória da Comissão, que fomenta atividades culturais e de memória. Eles relembram a luta pela anistia e pela democratização, e serão adaptados a cada contexto regional. Em Minas Gerais, o marco construído em aço traz uma bandeira do Brasil com os nomes dos 58 mineiros mortos e desaparecidos pela ditadura. O local escolhido para o monumento, em frente à sede do antigo DOPS/MG, tem o objetivo de sinalizar às novas gerações aquele espaço de violações, para que a memória fortaleça a cultura da não-repetição.

Conheça os homenageados da 69ª Caravana da Anistia em Belo Horizonte:

1) Angelina Dutra de Oliveira:
Nasceu em 1923. Ferroviária concursada a partir de 1943, foi dirigente dos Funcionários Públicos Federais e do Movimento de Mulheres em Minas Gerais. Presa em 1964, durante um mês, em Belo Horizonte, voltou a ser presa em 1969 no Rio de Janeiro junto com duas filhas e um neto de dois anos de idade. Exilou-se na Argélia em 1970 e viveu no Chile, Panamá, Bélgica, Portugal e Angola até retornar ao Brasil em 1978. Vive no Rio de Janeiro.

2) Antônio Ribeiro Romanelli:
Nasceu em 1928, é advogado e professor da UFMG e PUC/MG. Presidiu e defendeu as Ligas Camponesas de Minas Gerais no período do governo militar. Sofreu quatro meses de prisão e condenação pela Justiça Militar, além de nove anos de reclusão por força do Ato Institucional Nº 2 (AI-2). Autor do livro “Minhas Memórias do Cárcere e do Exílio”, que conta experiências durante os anos de exílio no Chile, entre outras obras publicadas.

3) Carmela Pezzuti (post mortem):
Em 1968 entrou na organização Colina (Comando de Libertação Nacional) na luta pela derrubada do regime militar. Foi presa em 1969 e teve seus filhos Ângelo e Murilo também presos e torturados. Participou da Var-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária) no Rio de Janeiro, com o codinome “Lúcia”. Em 1970 foi trocada pelo embaixador suíço e banida para o Chile, sem nunca ter sido julgada e condenada. Com o golpe de 1973 no Chile, Carmela viveu na Itália e França, com intensa participação nos comitês políticos. Voltou ao Brasil em 1979, com a decretação da Anistia. Faleceu em novembro de 2009, em Belo Horizonte.

4) Conceição Imaculada de Oliveira:
Começou a militar aos 16 anos, a convite de Benigno Silveira, do PCB, à época Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de MG. Após o golpe de 1964 assumiu uma diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos. Com a radicalização do golpe passou a atuar no grupo Corrente, dissidência do PCB em BH. Foi presa em 1969 e trocada pelo embaixador suíço em 1971, viveu no Chile e em Cuba.

5) Maria Geralda Gomes Diniz:
Casou-se aos vinte anos com o militante político do PCB, Davi Rodrigues Diniz. Toda a família foi vítima da ditadura militar do Brasil.

6) Terezinha Martins Rabêlo (post mortem):
Ficou sozinha no Brasil com seus sete filhos quando seu marido, José Maria Rabêlo, teve de deixar o Brasil para fugir das perseguições do regime militar. Nessa ocasião, viu sua casa invadida e saqueada mais de uma vez. Um ano depois, vivendo sob as maiores ameaças da repressão, conseguiu viajar para o Chile, acompanhada de seus filhos, onde iria sofrer todas as consequências do golpe contra Allende.

7) Oroslinda Maria Taranto Goulart (Linda Goulart)
Entrou para a POLOP ainda como estudante de jornalismo, em 1965. Integrou a COLINA , passou a atuar no movimento operário. Participou da histórica greve de abril de 1968. Em 1969 foi para a clandestinidade, morou no Rio de Janeiro e atuou na VAR-Palmares, viveu em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Em 1976, com intermediação de Dilma Rousseff, companheira de organização desde a Polop, recontatou a família e voltou a Belo Horizonte em 1977. Participou do Movimento Feminino pela Anistia.

 

Relação de militantes políticos mineiros mortos e desaparecidos durante a ditadura militar

1 – Abelardo Rausch Alcântara – 12 de fevereiro 1970 – Brasília
2 – Adriano Fonseca Filho – ARAGUAIA – 28 de novembro de 1973
3 – Alberto Aleixo – 07 de agosto de 1975 – Rio de Janeiro
4 – Antônio Carlos Bicalho Lana – 30 de novembro de 1973 – São Paulo
5 – Antônio Joaquim de Souza Machado – 15 de fevereiro de 1971- Rio deJaneiro
6 – Antônio dos Três Reis de Oliveira – 17 de maio de 1970 – Paraná
7 – Arnaldo Cardoso Rocha – 15 de março de 1973 – São Paulo
8 – Augusto Soares da Cunha – 01 de abril de 1964 – Governador Valadares
9 – Áurea Elisa Pereira Valadão – ARAGUAIA – 13 de junho de 1974
10 – Benedito Gonçalves – 20 de agosto de 1979
11 – Carlos Alberto Soares de Freitas – 15 de fevereiro de 1971 – Rio de Janeiro
12 – Carlos Antunes da Silva – 16 de janeiro de 1970 – Belo Horizonte
13 – Carlos Schirmer – 01 de maio de 1964 – Divinópolis
14 – Ciro Flávio Salazar Oliveira – ARAGUAIA – 30 de setembro de 1972
15 – Daniel José de Carvalho – 13 de julho de 1974 – Paraná
16 – David de Souza Meira – 01 de abril de 1968 – Rio de Janeiro
17 – Devanir José de Carvalho – 07 de Abril de 1971 – São Paulo
18 – Eduardo Antônio da Fonseca – 23 de dezembro de 1971 – São Paulo
19 – Eduardo Collen Leite – Bacuri – 08 de dezembro 1970 – São Paulo
20 – Elson Costa – 15 de janeiro de 1975 – São Paulo
21 – Feliciano Eugênio Neto – 29 de setembro de 1976 – São Paulo
22 – Geraldo Bernardo da Silva – 17 de julho de 1969 – Rio de Janeiro
23 – Getúlio de Oliveira Cabral – 29 de dezembro de 1972 – Rio de Janeiro
24 – Gildo Macedo Lacerda – 28 de Outubro de 1973 – Recife
25 – Guido Leão – setembro de 1979 – Betim
26 – Hamilton Pereira Damasceno – fevereiro de 1972 – Rio de Janeiro
27 – Helber José Gomes Goulart – 16 de julho de 1973 – São Paulo
28 – Hélcio Pereira Fortes – 28 de janeiro de 1972 – São Paulo
29 – Idalísio Soares Aranha Filho -ARAGUAIA – 12 de julho 1972
30 – Itair José Veloso – 25 de maio de 1975 – São Paulo
31 – Ivan Mota Dias – 15 de maio de 1971- Rio de Janeiro
32 – Jeová Assis Gomes – 09 de janeiro de 1972 – Goiás
33 – João Batista Franco Drummond – 16 de outubro de 1976 – São Paulo
34 – João Bosco Penido Burnier – Padre – 11 de outubro de 1976 – Goiânia
35 – Joel José de Carvalho – 13 de julho de 1974
36 – José Carlos Novaes da Mata Machado – 28 de outubro de 1973 – Recife
37 – José Júlio de Araújo – 18 de agosto de 1972 – São Paulo
38 – José Maximino de Andrade Netto – 18 de agosto de 1975 – São Paulo.
39 – José Toledo de Oliveira – ARAGUAIA – 21 de setembro de 1972
40 – Juarez Guimarães de Brito – 18 de abril de 1970 – Rio de Janeiro
41 – Lucimar Brandão Guimarães – 31 de julho de 1970 – Belo Horizonte
42 – Maria Auxiliadora Lara Barcelos – 01 de junho de 1976 – Alemanha
43 – Nativo Natividade de Oliveira – 23 de outubro de 1985 – Goiás
44 – Nelson José de Almeida – 11 de abril de 1969 – Teófilo Otoni
45 – Oracílio Martins Gonçalves – 30 de julho de 1979
46 – Orlando da Silva Rosa Bomfim Júnior – 08 de outubro de 1975 – São Paulo
47 – Osvaldo Orlando da Costa – ARAGUAIA – abril de 1974
48 – Otávio Soares Ferreira da Cunha – 04 de abril de 1964
49 – Paschoal Souza Lima – 30 de março 1964 – Governador Valadares
50 – Paulo Costa Ribeiro Bastos – 11 de Julho de 1972 – Rio de Janeiro
51 – Paulo Roberto Pereira Marques – ARAGUAIA – dezembro 1973
52 – Pedro Alexandrino Oliveira Filho – ARAGUAIA – 04 de agosto de 1974
53 – Raimundo Eduardo da Silva – 05 de Janeiro de 1971 – São Paulo
54 – Raimundo Gonçalves de Figueiredo – 28 de abril de 1971 – Recife
55 – Rodolfo de Carvalho Troiano – ARAGUAIA – 12 de janeiro 1974
56 – Walquíria Afonso Costa – ARAGUAIA – 25 de dezembro de 1974
57 – Walter de Souza Ribeiro – ARAGUAIA – 03 de abril 1974
58 – Zuleika Angel Jones – ZUZU ANGEL – 14 de abril de 1976 – Rio de Janeiro

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